Ana Moura segue destino maduro e consagrado - TVI

Ana Moura segue destino maduro e consagrado

Ana Moura no Coliseu dos Recreios

Cool Jazz Fest «estaciona» em Mafra

A «world music» do Cool Jazz Fest chegou este sábado a Mafra e o primeiro de três concertos marcados para o Jardim do Cerco ficou assinalado com a primeira voz portuguesa na edição deste ano. Ao lado do fantástico convento «ex libris» da vila Saloia e do País, Ana Moura deu mais uma extensão a este festival que vai para além do Jazz cantando «a tal» alma lusitana.

O Fado fez-se ouvir alto e bom som em cenário repousante cujo silêncio começou a ser quebrado com o cantar das lavadeiras composto por Amália que tem marcado o início dos últimos espectáculos da fadista. Ana Moura canta sem se dar (ainda) a ver, enquanto Filipe Larsen (viola baixo), José Elmiro Nunes (viola de Fado) e José Manuel Neto (guitarra portuguesa) vão subindo ao palco. O público está «preso» à espera da «ver» um dos actuais ícones dos ouvidos lusitanos.

A visão surge vestida de prata com um xaile negro aos ombros a cantar o último verso de «Lavava no rio lavava». Seguindo para «Fado menor» e «Sou do Fado, sou fadista» Ana Moura mostra por que, nas palavras da própria, se sente bem tanto com os fados tradicionais como com os mais musicais. Se esta é uma das características que lhe permitem partilhar a responsabilidade da actual «geração» na recuperação de (algum) espaço outrora detido pelo Fado, outras têm tanto de simples como de principal: ter uma voz tremenda e cantar extremamente bem desarmam o mais duro dos ouvidos.

«Os convidados e os preferidos»

É nesta fase de maturação assumida que convive ao lado da consagração reconhecida na sequência de um terceiro álbum a dominar parte do espectáculo que a fadista de Coruche se apresenta: como que em uma elevada «velocidade de cruzeiro» imposta para fruição do público; ao mesmo tempo que considera também chegado o momento de homenagear alguns dos seus «mentores» responsáveis (ou participantes) pelo presente patamar.

Ana Moura lança com a sua voz as presenças de Maria da Fé - que, com «Cantarei até que a voz me doa», questiona no lado de lá do palco até que ponto o «tal espaço» deixou exactamente de existir -, de Jorge Fernando (com quem agora também troca o microfone pela guitarra) e de Beatriz da Conceição. O público é guiado pelos degraus da pirâmide para, quando chegar ao topo, desfrutar em pleno dos preferidos do momento.

A alegria de «O fado da procura» traz de novo Ana Moura para a exclusividade das atenções e vai desinibindo a audiência para estar «no ponto» quando é tempo de convidá-la a render-se em coro à beleza de «Os búzios». Este é um destino que segue sem se mexer e cuja sorte o «The Stones Project» (mesmo já com uma versão bilingue de «No expectations») ainda não muda muito.
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