U2 tocaram em Vilar de Mouros há 30 anos - TVI

U2 tocaram em Vilar de Mouros há 30 anos

U2 em Buenos Aires - Março 2006

Maestro Victorino de Almeida recorda a mítica segunda edição do festival e a contratação de uma banda «boa e barata»

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Há precisamente 30 anos, a aldeia de Vilar de Mouros, em Caminha, recebeu a segunda edição de um festival de música que, durante nove dias, lançaria um novo conceito na organização deste tipo de eventos em Portugal, escreve a agência Lusa.

«Infelizmente, mudou as coisas para pior», afirmou à agência Lusa o maestro António Victorino de Almeida, que colaborou na organização do festival de 1982, tendo mesmo subido ao palco para um concerto de piano.

«Foi um festival emocionante. O público reagia muito, porque não estava habituado a este tipo de concertos. E como metia todo o tipo de música, era como que ecuménico, misturava tudo», recordou.

A 31 de julho de 1982, a música começou ao som dos Heróis do Mar, Echo & The Bunnymen e The Stranglers, enquanto que no dia seguinte o concerto ao piano juntou, entre outros, a Orquestra Sinfónica e Victorino de Almeida.

«Naquela altura, o festival de Vilar de Mouros era um acontecimento internacional, pela qualidade e diversidade, mas acabou por se transformar num festival igual aos outros e por isso morreu», lamentou.

Há 30 anos, por entre convidados tão diferentes como Jafumega, grupos folclóricos ou os Pauliteiros de Miranda, atuou, a 3 de agosto, uma banda irlandesa.

«Foi uma aposta minha. Aconselhei-me com várias pessoas, porque procurava uma banda internacional boa e barata. Dei a indicação para serem contratados pela Câmara de Caminha e foi um sucesso total», conta Victorino de Almeida.

A banda chamava-se U2 e ainda hoje é a grande referência dos festivais de Vilar de Mouros. Para assistir aos concertos daquele dia, o público pagou 400 escudos, enquanto que a «assinatura» para todos os espetáculos ficava por 1300 escudos.

António Barge, o médico que idealizou e organizou o festival de Vilar de Mouros de 1971, participou na organização da edição de 1982 e celebrizou, no seu lançamento, a frase: «Loucura. Loucura controlada. Sem medicamentos, nem coisas do género».

Para Victorino de Almeida, essa «loucura» que se desejava acabou por dar lugar, nessa mesma edição, a uma «guerra» entre duas «fações».

«De um lado, estava quem queria manter esta linha de festival, mítico. Do outro lado, os que queriam o negócio. Os resultados estão aí», afirmou ainda.

O festival voltaria a repetir-se assiduamente depois de 1996, mas já «tomado de assalto pelos empresários», garante.

«Chegámos a um ponto em que: "O que é que distinguia Vilar de Mouros de um Sudoeste ou Rock in Rio?". Nada, era igual. A partir daí, andou em decadência até acabar», diz o maestro.

Para recordar a mítica edição de 1982, um grupo de entusiastas do festival de Vilar de Mouros agendou para esta terça-feira, às 12h30, uma concentração no Largo do Casal, palco principal dos concertos da altura.

Uma iniciativa que acontece num ano em que a música volta a estar afastada daquela aldeia, depois de a organização do Energie Music ter decidido cancelar a repetição daquele festival dedicado à música eletrónica, agendado para este verão.

Após um interregno de cinco anos, a música, ainda que totalmente diferente do conceito inicial, regressou em 2011 ao recinto de Vilar de Mouros, mas este ano não se realiza devido a cortes no orçamento do principal patrocinador.

Em agosto de 2011, durante 16 horas e com um cartaz que custou cerca de 400 mil euros, o festival eletrónico levou a Vilar de Mouros cerca de dez mil pessoas, o que ainda assim gorou as expectativas da organização, em grande medida pelas condições meteorológicas adversas que se registaram.

A Câmara de Caminha sublinhou que este festival não pretendia substituir o evento «oficial», que não se realiza desde 2006.
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