«Temos de criar arte! E só depois pagamos as contas» - TVI

«Temos de criar arte! E só depois pagamos as contas»

Entrevista: Stephen Perkins, baterista dos Jane's Addiction, falou sobre o novo álbum da banda a editar em Setembro

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Formaram-se em 1985, mas até ao momento contam apenas com três álbuns de estúdio editados. De volta aos palcos durante o Verão, os Jane's Addiction ultimam agora os preparativos para o lançamento de um novo disco em Setembro.

«Este é apenas o nosso quarto disco de estúdio desde 1985. É o tempo que demora para os Jane's fazerem um disco... cerca de 10 ou 12 anos até estarmos prontos. Mas, a verdade é que todos nós olhamos para esta tela e a tela está em branco. Começamos a pintá-la juntos, mas demora algum tempo até ao quadro estar pronto», contou Stephen Perkins em entrevista ao IOL Música.

O baterista dos Jane's Addiction disse admirar os Led Zeppelin pela produção dos discos e a crueza dos concertos ao vivo: «Há qualquer coisa de especial numa banda que consegue encarar o trabalho em estúdio como uma forma de arte e depois em palco as coisas são totalmente diferentes. É assim que vemos as coisas: quando estamos em estúdio há silêncio, velas acesas, temos auscultadores na cabeça... E em palco somos como um furacão de energia».

Intitulado «The Great Escape Artist», o novo álbum foi gravado com dois baixistas diferentes: Chris Chaney, que toca com a banda ao vivo, e Dave Sitek, o produtor do disco e músico dos TV On The Radio.

«Ao longo dos anos tivemos cinco ou seis baixistas. Conheci o [Dave] Navarro (guitarrista) quando tinha 13 anos e conheci o Perry [Farrell] (vocalista) quando tinha 17. Esse tipo de ligação é inquebrável.»

«Mas os baixistas... É uma posição difícil de ocupar quando tens músicos que dão nas vistas», disse.

Quem poderá entrar também no disco é Duff McKagan, baixista que passou pelos Guns N' Roses e pelos Velvet Revolver.

«Seria tolice desperdiçar todas essas grandes canções e talento. Quando ouvirmos tudo o que temos, de oito ou dez meses de criação, vamos ter de escolher 45 a 50 minutos de música. Queremos ter o melhor material, o mais emocional, independentemente de quando ou com quem foi composto. Se for muito bom, então entra no disco», esclareceu o músico.

Em Julho, durante o festival Optimus Alive, os Jane's Addiction deram o seu primeiro concerto em Portugal e o regresso ao nosso país poderá acontecer já no próximo ano.

«Em 2012 vamos regressar e fazer uma digressão a sério. Este ano escolhemos alguns concertos em especial que pensámos serem importantes, divertidos e nos quais tocássemos com as melhores bandas do mundo. Há um grande espírito de competitividade quando os Foo Fighters, os Coldplay e os Jane's estão todos a tocar no mesmo festival. Faz-te querer dar o teu melhor!», explicou.

Stephen Perkins declarou a satisfação por finalmente os Jane's Addiction actuarem em Portugal e destacou as boas vibrações recebidas nesta sua primeira visita ao nosso país: «Que país tão lindo. É pacífico e relaxado, mas as pessoas adoram música. Não se sente muita ansiedade nas ruas. Parece ser bem fixe».

A paixão dos portugueses pela música deixou boas impressões no baterista dos Jane's Addiction, que acredita que, independentemente de qualquer crise financeira, a felicidade é alcançada através da arte.

«[Primeiro] temos é de criar arte! E só depois pagamos as nossas contas! [O importante é] fazer amor, fazer arte, comer... E acho que temos sido formatados para irmos trabalhar das nove às cinco, para pagarmos as nossas contas», afirmou.

«Assim perdemos contacto com as coisas. Eu não acho que os aborígenes tinham de pagar contas, certo?»
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