Sudoeste: The Flaming Lips, os incompreendidos mestres circenses - TVI

Sudoeste: The Flaming Lips, os incompreendidos mestres circenses

  • João Silva
  • Cátia Soares, Paulo Sampaio e Manuel Lino
  • 6 ago 2010, 06:59

Vocalista Wayne Coyne foi «rapaz-bolha» num dos concertos mais animados da segunda noite do festival

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Depois de uma «noite de recepção ao campista» que juntou vários milhares de pessoas, o arranque efectivo do festival Sudoeste TMN aconteceu esta quinta-feira. Porém, o cenário não era o mais animador.

A actuação da paulista Maria Gadú decorreu sem grandes entusiasmos e foram poucos os que fizeram questão de se deslocar até ao Palco TMN para ouvir «Lanterna dos Afogados» ou «Shimbalaiê» na voz doce da cantora.

Já no Palco Planeta Sudoeste, seguia o espectáculo do carioca Márcio Local perante uma plateia praticamente inexistente. Com o recinto pouco composto de público e muitos festivaleiros ainda na zona de campismo, a rapper norte-americana Rye Rye, que já colaborou com M.I.A., entrou em cena por volta das 20h50.

Além da cantora, que se apresentou com uns calções sugestivos, um DJ e dois bailarinos imparáveis começaram a fazer a festa. As coreografias estavam bem ensaiadas e Rye Rye não se poupou nem por um instante a entrar no ritmo da dança.

O público começou, então, a dar sinal de vida, mas ficando sempre muito aquém daquilo que a música pedia. Apesar da curta duração do concerto, houve ainda tempo para recordar «Party In The USA», da estrela adolescente Miley Cyrus, na versão «Party In Portugal».

«Shake It To The Ground», com o publico já mais envolvido, surgiu no final do espectáculo de Rye Rye, que terminou pelas 21h30.

No Palco TMN, os colombianos Bomba Estéreo também fizeram o possível para prender a atenção dos festivaleiros que iam entrando no recinto a conta gotas. O cruzamento entre a tradicional cumbia e a música electrónica perdeu, no entanto, a batalha contra a música reggae do Palco Positive Vibes.

Cinco minutos antes das 22h00, chegava a vez dos The Very Best aquecerem o Palco Planeta Sudoeste com os seus ritmos africanos dançáveis, que atravessavam a electrónica e convidavam a tenda Planeta Sudoeste a transformar-se numa pista de dança.

Com «Julia», os The Very Best conseguiram pôr os poucos festivaleiros em frente ao palco de braços no ar a bater palmas.

«Quando eu disser very, vocês dizem best!», gritavam os músicos, numa tentativa de interagir com o público. E fizeram-no tantas vezes que o nome do grupo irá, certamente, ficar na memória até dos mais esquecidos.

Na recta final, houve ainda tempo para os The Very Best convidarem um grupo de meninas a dançarem em palco. Depois de «Warm Heart Of Africa», seguiu-se ainda uma homenagem ao falecido «Rei da Pop» - Michael Jackson foi relembrado com «Will You Be There».

Do lado oposto do vasto recinto, os norte-americanos The Flaming Lips levaram um autêntico circo psicadélico de luz, cor e muitos adereços. O vocalista Wayne Coyne, qual «rapaz-bolha», rebolou sobre o público logo aos primeiros instantes de um concerto incompreendido por muitos e genial para uma pequena minoria de fãs.

«Come on, come on, come on», foi o grito de incentivo repetido vezes sem conta pelo tresloucado líder dos Flaming Lips, tentando puxar por uma plateia demasiado apática para se juntar à festa que incluiu chuvas de confettis e balões coloridos.

No regresso ao Sudoeste, nove anos após a estreia no festival, a banda apresentou o mais recente disco de estúdio, «Embryonic». «Silver Trembling Hands» foi cantado por Coyne no cimo das cavalitas de um «urso» pardo e «I Can Be A Frog» teve direito a uma coreografia com sons de animais.

Nas passagens pela discografia mais remota dos Flaming Lips, «She Don't Use Jelly», de 1993, foi um dos momentos mais lúcidos e bem conseguidos de um alinhamento encerrado ao som de «Do You Realize??». Deslocado, o grupo de rock experimental merecia uma plateia mais atenta e disposta a embarcar numa viagem demasiado surrealista para os muitos que apenas guardavam o melhor lugar para o próximo concerto. Aproximava-se a vez de M.I.A..

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