«Não gostamos de gordos» - TVI

«Não gostamos de gordos»

Casos de obesidade infantil têm vindo a aumentar

Obesidade tem consequências sociais graves. Mulheres sofrem mais

Os obesos têm menos empregos, menos amigos e mais dificuldade em casar. As mulheres são as mais afectadas por uma exclusão que vem de todos os sectores da sociedade. O Ministério da Saúde apresentou esta quarta-feira uma plataforma para mudar comportamentos e combater a «epidemia do século».

A obesidade é uma doença com pesadas consequências sociais. Para além de todas as complicações físicas, a «gordura a mais» leva os outros a «pôr de lado» crianças, adultos, idosos, homens e mulheres. «As pessoas não gostam de gordos. São segregados pela sociedade» concluiu ao PortugalDiário João Breda, nutricionista e coordenador da Plataforma Contra a Obesidade.

Na apresentação efectuada pelo responsável foram divulgados dados que ilustram a exclusão social de que os gordos são vítimas. A rejeição começa logo nos mais novos. Cerca de sete por cento das crianças, quando questionadas, recusam a ideia de ter um melhor amigo com excesso de peso. Também existem estudos que indicam piores resultados escolares entre os jovens com excesso de peso, assim como um menor acesso ao ensino superior.

Nas empresas os casos de exclusão também são comuns. Cerca de 80 por cento dos directores gerais de companhias do Reino Unido admitiram ter preconceitos contra os obesos e 93 por cento admitiram que, em igualdade de qualificações, dariam emprego a um candidato não obeso, em detrimento de um gordo.

«As atitudes negativas chegam a vir dos profissionais de saúde», salientou João Breda. A gordura atinge todos, mas o sexo feminino sofre mais na carteira. As mulheres obesas recebem, em geral, menos nove por cento do rendimento salarial e, como consequência, recebem três vezes mais apoios da Segurança Social e da Saúde.

Nas relações íntimas os dados comprovam o que muitos experimentam na pele. Ter um namorado ou um marido é mais difícil para os obesos. Os gordos têm menos 20 por cento de probabilidade de ter uma relação amorosa. A falta de auto-estima e a depressão são consequências directas. A obesidade «é um pesado fardo na auto-estima e sobre a vontade de viver», salientou o ministro da Saúde, Correia Campos.

Segundo o nutricionista João Breda, está instalado um novo paradigma social, em que os mais pobres têm maior risco de serem obesos, ao apresentarem piores hábitos alimentares e menor actividade física.

A obesidade tem consequências mais graves para as mulheres, para os que são obesos desde crianças e para aqueles que são mais gordos. A epidemia que, para Correia Campos é uma doença «evitável», é também responsável por dois a oito por cento dos custos de Saúde e por 10 a 13 por cento da mortalidade em diferentes países da Europa.
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