«Esta coligação está coxa, está atrasada e quanto mais tarde arrancar, mais artificial soar, mais superficial soar, menos hipóteses tem de sucesso», disse Marcelo Rebelo de Sousa, no Jornal das 8 da TVI.
Ainda assim, o professor considera que o PSD precisa mais da coligação. «O CDS também precisa, obviamente, para não ficar sozinho, a apanhar bonés. Mas o PSD precisa mais. Precisa mais porque quem pode ter o primeiro-ministro é o PSD, o CDS nunca pode ter o primeiro-ministro», explicou.«A coligação já nasce um bocadinho manca, tardia. Se nascer com dúvidas em relação ao líder do segundo partido, nasce morta», acrescentou.
Para o comentador, o PSD tem um problema para resolver: «O PSD tem de decidir é se, em relação à questão de Paulo Portas, entende que não há razão para nenhum tipo de problemas de consciência ou se tem problemas de consciência, por causa disso retarda a coligação e, retardando a coligação arranja um berbicacho para as legislativas do ano que vem».
«Vitória de Costa não é boa para Sócrates»
Marcelo Rebelo de Sousa comentou também a prisão de José Sócrates e considerou que o assunto está a deixar de estar na ordem do dia para a opinião pública. «Deixa de ser o assunto mais picante em ano de eleições. Há coisas mais importantes, mais significativas. Para ele não, obviamente, porque está preso, não há coisa mais importante do que a sua situação e a sua defesa. Mas para a opinião pública deixou de ser o assunto neste momento e José Sócrates terá de o colocar na ordem do dia em 2015», explicou.
O comentador adivinha um ano difícil para o antigo primeiro-ministro: «Além de ser um ano muito preenchido politicamente, há depois o risco da vitória de António Costa».
«Um novo líder com uma vitória eleitoral apaga o líder anterior. Faz parte da lógica da história e quanto maior for o sucesso de António Costa, mais José Sócrates fica fora da ribalta da realidade política», considerou.
«Poiares Maduro não chega para as encomendas»
O professor criticou o impasse que se vive na RTP, sobretudo por estarmos às portas de um ano com eleições legislativas: «É do outro mundo… está a acabar o ano de 2014 e a começar o ano de 2015, um ano de eleições, e ninguém sabe qual é a administração que vai ficar, num ano de eleições, na televisão pública».
«Como é possível a nove meses de eleições ninguém saber quem é que vai ser a administração que vai gerir a televisão pública em período pós-eleitoral?», questionou.
E dirigiu duras críticas a Miguel Poiares Maduro na gestão deste processo, considerando que o ministro «em termos de gestão política, não chega para as encomendas».