Sócrates: «Não ficamos à espera que a crise passe» - TVI

Sócrates: «Não ficamos à espera que a crise passe»

José Sócrates e Ferreira Leite

Primeiro-ministro justifica medidas contra a crise e critica oposição

O primeiro-ministro, José Sócrates, defendeu hoje em Sines que o dever do Estado para fazer face à crise é «responder às dificuldades» com um reforço no investimento público e «não ficar sentado à espera que passe».

«Temos bem consciência que o Estado neste momento deve fazer o possível por investir mais, porque isso pode ser a diferença para muitas empresas entre ir e não ir à falência, e para muita gente entre ter ou não emprego», frisou José Sócrates, durante o discurso que assinalou o arranque do projecto de conversão da refinaria da Galp, informa a agência Lusa.

«Este é o dever do Estado, não é ficar sentado à espera que a crise passe. O dever do Estado é responder às dificuldades, e vão ser muitas em 2009, com energia e vontade», acentuou, referindo-se ao plano de combate à crise aprovado em Conselho de Ministros.

O governante reafirmou ainda que a prioridade do Governo para contornar a crise é «estabilizar o sistema financeiro», o que justifica o sistema de garantias aos bancos e os apoios para a sua recapitalização: «Quero recordar que este sistema é feito, não a pensar em banqueiros, não a pensar em accionistas de bancos, mas nas famílias e nas empresas portuguesas, para que as pessoas possam ir ao banco e encontrar um banco com dinheiro para lhes emprestar».

Ataque à oposição

O primeiro-ministro José Sócrates desvalorizou as criticas dos partidos da oposição às medidas anti-crise aprovadas este sábado em Conselho de Ministros, salientando que o principal objectivo do Governo é «defender o emprego e apoiar as empresas».

«O que se exige dos partidos políticos neste momento difícil, em que o país enfrenta dificuldades, como os outros países no mundo, é que apresentem as suas propostas, é que digam o que pensam sobre a situação, é que digam aos portugueses quais eram as medidas que tomariam se estivessem no Governo», disse José Sócrates, ao ser confrontado com as criticas dos principais partidos políticos.

«Acho que este não é o momento nem para a politiquice (¿) nem para se centrarem apenas naquilo que costuma ser a posição central das oposições, que é atacar o governo», disse José Sócrates, acrescentando que «os portugueses querem é que todos os partidos assumam as suas responsabilidades».

O PSD, principal partido da oposição, recebeu o plano de combate à crise com reservas, pela alegada falta de medidas fiscais, acusou o Governo de «chegar sempre atrasado» e defendeu a necessidade de uma redução da taxa social única.

Mas para José Sócrates, as medidas aprovadas pelo Governo na área do emprego «constituem uma aposta muito significativa nos recursos financeiros de apoio ao emprego e à contratação». Referiu, como exemplo, a «redução de três pontos percentuais do pagamento à Segurança Social para todas as PME, para trabalhadores com mais de 45 anos», que considerou ser «uma medida de enorme importância e que visa ajudar as empresas e os trabalhadores a manterem o nível dos seus postos de trabalho».

«Por outro lado - acrescentou - o aumento, em mais de 12.000, de estágios remunerados, em particular para os jovens, é também uma medida da maior importância, que vai naturalmente onerar o OE (Orçamento de Estado), mas essa despesa pública é fundamental para respondermos às tensões na economia portuguesa, que ameaçam os postos de trabalho e o emprego em Portugal», acrescentou.
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