Rui Rio demite-se de Metro do Porto - TVI

Rui Rio demite-se de Metro do Porto

Presidente da Câmara diz que não está «disponível para ser enxovalhado»

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Última actualização às 18:06

Rui Rio anunciou esta quinta-feira que vai pedir a sua demissão de administrador não executivo da Metro do Porto alegando não estar «disponível para ser enxovalhado», na sequência das notícias dos últimos dias sobre as remunerações dos autarcas na empresa, noticia a Lusa.

«Nos últimos dias o meu nome apareceu na comunicação social como alguém que, enquanto administrador da Metro do Porto, tinha recebido salários a que não tinha direito», afirmou Rui Rio, em conferência de imprensa, na Junta Metropolitana do Porto.

O presidente da Câmara do Porto garantiu que «para este enxovalho público» não está «disponível», tendo por isso anunciado que vai pedir a demissão de administrador não executivo da Metro do Porto.

«Para mim basta», disse, acrescentando que «a imagem dada para a opinião pública é, mais uma vez, uma imagem de degradação moral e de oportunismo por parte de quem exerce cargos políticos».

«Pagar para trabalhar»

Rui Rio recordou que reduziu «substancialmente e de moto próprio o vencimento [na Metro do Porto] que o representante do Governo fixou», tendo aceite «a demagogia de ter de trabalhar e assumir responsabilidades totalmente de graça».

«Estive ainda disponível para aceitar o absurdo de ter que pagar para trabalhar», acrescentou.

O administrador demissionário da Metro do Porto considera que o Governo - através do Ministério das Finanças e da Inspecção-Geral das Finanças - «perdeu o sentido do ridículo».

«Entendeu que tudo isto era pouco e resolveu ordenar a devolução dos salários que o seu próprio representante tinha definido. Não contente com a atitude, resolveu dar disso notícia aos jornais», acusou o autarca numa declaração aos jornalistas.

Para Rio, «assumir responsabilidades de graça, ter de pagar para trabalhar, e ainda aparecer aos olhos da opinião pública como alguém que não teve um comportamento correcto, ultrapassa os limites da seriedade e da ética».

«Atitudes baixas como esta não contribuem para a dignificação do serviço público, e só ajudam a descredibilizar ainda mais a pequenina classe política que vamos tendo», condenou.

Reposição de salários

A empresa Metro do Porto, SA, contactada pela Lusa, afirmou não ter qualquer comentário a fazer sobre esta matéria.

Vários autarcas que acumulam a função de administradores não executivos da Metro do Porto terão que repor os salários recebidos desde 1 de Janeiro de 2007.

Os autarcas que terão que devolver os salários auferidos são, para além de Rui Rio, Marco António Costa (Gaia), Mário de Almeida (Vila do Conde) e Valentim Loureiro (Gondomar).

A Junta Metropolitana do Porto, em conferência de imprensa, garantiu quarta feira que os autarcas com cargos na Metro do Porto «não cometeram nenhuma ilegalidade», considerando a decisão do Ministério das Finanças relativa à devolução das remunerações «um ataque indiscriminado e totalmente injustificado».

A Associação Nacional de Municípios Portugueses incitou, também quarta-feira, o «órgão competente da administração central» a esclarecer «cabal e factualmente» a questão dos vencimentos dos autarcas na sequência da polémica em torno do Metro do Porto.
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