Sá Fernandes deixou de ser controverso? - TVI

Sá Fernandes deixou de ser controverso?

José Sá Fernandes

Um ano depois das eleições intercalares para a câmara de Lisboa, o que aconteceu ao Bloco de Esquerda

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O primeiro ano de Sá Fernandes como vereador no «arco de poder» da Câmara marca uma mudança de tom no vereador do Bloco de Esquerda: de oposição sistemática à colaboração com a maioria, mas sempre controverso.

Devido à «ocupação» da Praça das Flores durante o mês de Junho com um evento de promoção a um automóvel, que Sá Fernandes promoveu e defendeu, argumentando que permitiu recuperar aquele espaço, o vereador viu-se censurado na Assembleia Municipal de maioria PSD e pela população e comerciantes locais.

José Sá Fernandes aderiu definitivamente às parcerias com privados, com contrapartidas para a autarquia, como no caso do Rock in Rio, cuja organização vai oferecer à cidade uma ponte pedonal, a troco da isenção de taxas municipais ao festival.

Embora mantendo que o licenciamento para ocupar a Praça das Flores não foi de sua iniciativa mas do vice-presidente da autarquia, Marcos Perestrello, Sá Fernandes reiterou o seu aplauso: «Se tivesse competência para a licenciar, tinha licenciado».

Entre os sucessos de Sá Fernandes no ano que passou contam-se a adopção do Plano Verde - que supõe a criação de uma rede de vias para peões e bicicletas entre espaços verdes de toda a cidade, a realização de reuniões de câmara descentralizadas uma vez por mês nas freguesias de Lisboa e a opção da câmara defender em tribunal a nulidade do negócio de permuta de terrenos de Entrecampos pelo Parque Mayer, com a Bragaparques.

Quando confirmou que tinha sido eleito vereador nas intercalares de 15 de Julho passado, Sá Fernandes avisou logo que a vitória lhe traria «novas responsabilidades», manifestando-se disponível para alianças, desde que respeitassem compromissos assumidos durante a campanha, nomeadamente a aplicação do Plano Verde.

Quinze dias depois das eleições, estava consumado o acordo político entre o executivo minoritário de António Costa e Sá Fernandes, com o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, a prever «grandes confrontos» entre vereador e presidente da Câmara.

Até ver, não existiram grandes confrontos públicos entre os dois. Aliás, se durante o anterior mandato de Carmona Rodrigues, Sá Fernandes era garantidamente a voz mais crítica da maioria no executivo municipal, no último ano o que se ouviu mais do vereador do Bloco de Esquerda foi a defesa de medidas tomadas por António Costa, do plano de saneamento financeiro às intervenções na Baixa.

António Costa manifestou também solidariedade a Sá fernandes por diversas vezes, nomeadamente quando o vereador do Bloco de Esquerda foi alvo da moção de censura aprovada com votos favoráveis do PSD, CDS-PP.

O autarca socialista assumiu que a censura o visava também, uma vez que delegou competências em Sá Fernandes, e argumentou que o vereador não merecia censura mas aplauso.

O que pensa a oposição

Carmona Rodrigues, que foi presidente da autarquia quando Sá Fernandes estava na oposição, é parco em palavras: «Sobre essa pessoa não digo nada, a não ser que as pessoas já perceberam qual é o seu carácter», disse à Agência Lusa.

Margarida Saavedra, vereadora do PSD, considera que Sá Fernandes passou de um ser «um elemento incómodo na oposição para ser um elemento neutro no executivo», afirmando que «calá-lo como oposição foi um dos poucos feitos do executivo actual, em termos políticos».

Ruben de Carvalho, do PCP, diz que Sá Fernandes está «irreconhecível», apontando como exemplo o facto de o vereador do Bloco de Esquerda ter «dito da [empresa muncipal] EPUL o que Mafoma não disse do toucinho», quando Carmona Rodrigues era presidente de Câmara, e há poucos dias se ter abstido na votação das contas da empresa relativas àqueles anos.
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