O presidente do PS considerou, neste sábado, que o Banco de Portugal não agiu “atempadamente” nem foi “suficientemente atento” ao sistema financeiro e afirmou que é necessário manter o “impulso” do Governo na reestruturação do sistema financeiro.
O Banco de Portugal não agiu bem, atempadamente e de forma suficientemente atenta e proficiente nos casos que ocorreram e que tiveram tristes consequências no setor financeiro, quer para os contribuintes em geral, quer para aqueles que tinham relações diretas com essas instituições bancárias”, afirmou Carlos César, à margem da reunião da Comissão Nacional do Partido Socialista (PS), que está a decorrer esta tarde na cidade do Porto.
Questionado sobre a manutenção do governador do Banco de Portugal no cargo, Carlos César afirmou que o “importante” para o PS era que se continuasse com o “impulso do Governo na reestruturação” do setor financeiro.
O nosso desejo é que as nossas instituições bancárias possam rapidamente recuperar dos prejuízos que tiveram, da desorganização que ponderou em todo o setor, nas questões do crédito malparado, que a seu tempo também terão uma análise europeia - aliás, o próximo Ecofin será justamente sobre essa matéria - e que também que recuperem os seus rácios que são necessários para que a banca esteja numa situação mais solidificada”, argumentou.
Carlos César afirmou que a situação da banca atualmente em Portugal é “bem melhor” do que a que encontraram quando o PS entrou para o governo.
Estimamos que dentro de um ano, possamos repetir isso de novo em relação à situação em que hoje nos encontramos”, concluiu.
Offshore: "desorientação" de Passos
Carlos César apontou a “desorientação” do líder da oposição, Pedro Passos Coelho, por “criticar” o seu próprio governo sobre as transferências para offshore (paraísos ficais).
É uma situação, no mínimo, peculiar, mas que reflete a desorientação de uma oposição que é muito expedita a criticar, mas muito pouco competente a propor e a fazer com que o país tenha um contributo que lhe também cabia dar para a governação e para o bom sucesso da nossa economia.”
O presidente do PSD e ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, admitiu hoje, na Trofa, que "a experiência" que veio a público sobre a não publicação das estatísticas das transferências entre 2011 e 2014 para paraísos fiscais "tem que ver com uma decisão infeliz e errada".
Para Carlos César, o país não pode contar com esta oposição.
Não podemos contar com a oposição tal como a temos. Ainda hoje vimos o líder da oposição numa situação no mínimo peculiar. Já tinha insultado o primeiro-ministro [António Costa], já tinha desconsiderado o presidente da Assembleia da República [Ferro Rodrigues], já tinha criticado o Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa], e hoje critica o seu próprio governo com observações contundentes em relação ao secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e ao Ministério das Finanças que ele próprio tutelava como primeiro-ministro.”
A situação é “muito estranha, mas nós já não estranhamos nada da parte do líder da oposição”, acrescentou Carlos César, afirmando que Portugal precisava de uma “oposição mais construtiva” e “mais forte”.
“Com esta oposição é o país que sai desprestigiado, sobretudo a política e os políticos”, insistiu.