Ferreira Leite e o TGV: «Parecem as compras nos saldos...»

Manuela Ferreira Leite não desarma e as críticas de Espanha não a impressionam. Esta segunda-feira, em Cabeço de Vide, concelho de Fronteira, a líder do PSD comentou a reacção do país vizinho, preocupado com a decisão do PSD de suspender a construção do TGV, caso vença as eleições do próximo dia 27.

Acompanhe a campanha no blog especial das eleições

Após ter espoletado uma polémica, quando, no frente-a-frente com José Sócrates, afirmou que a alta velocidade favorece os interesses espanhóis, Ferreira Leite sublinhou esta segunda-feira que a reacção do Governo espanhol - que pela voz do ministro do Fomento veio dizer que é preocupante a posição da social-democrata, e que tal decisão fará perder 330 milhões de euros em fundos comunitários - só reforça as suas declarações.

Jerónimo contra suspensão do TGV

A reacção do governo espanhol dá razão ao que eu disse. Há interesses espanhóis neste empreendimento. «Eu defendo os interesses de Portugal», disse ainda aos jornalistas no final de uma visita às Termas de Cabeço de Vide.

Suspender TGV criaria uma «crise entre dois estados»

«Quando há um investimento não está em causa o dinheiro que se obtém, mas os efeitos desse investimento. E preocupa-me especialmente o endividamento resultante» da construção do TGV. «Parece as compras nos saldos: compra-se muita coisa que não nos serve para nada».

TGV: Espanha avança mesmo sem OK de Portugal

Questionada sobre as declarações de José Sócrates, que considerou de «ataque baixo» as declarações de Ferreira Leite sobre o tema, a ex-ministra das Finanças diz-se «perplexa».

«Deixa-me perplexa que haja um primeiro-ministro que considere que a independência económica do pais seja um ataque baixo. Considero que é a defesa do interesse nacional».

Ferreira Leite foi ainda instigada a comentar se teria o mesmo tipo de atitude, estivesse José Maria Aznar no poder. «Não faço afirmações relacionadas com a cor politica de quem quer que seja. Isso é característico do Eng.º Sócrates. Toda a gente sabe que este tipo de investimento empobrece o país».

Mas a líder do PSD vai ainda mais longe: «Na sua pergunta está implícito que a grande afinidade entre Espanha e Portugal, neste momento, é o PS e eu não quero acreditar que isso seja verdade».