“Ainda não [decidiu sobre a candidatura]. A prioridade são as legislativas. Tomarei uma decisão depois de conhecer os resultados. Devo confessar que, inicialmente, Rui Rio estava mais bem posicionado do que eu nas sondagens internas, mas ultimamente estou mais bem posicionado do que ele”, afirmou ao La Voz de Galicia, na quinta-feira.
Questionado sobre a preferência de Passos Coelho nesta matéria, o professor disse que o ainda primeiro-ministro “em nenhum momento mostrou a sua preferência por qualquer um dos dois em público”. “Até agora nunca falei com ele sobre este assunto”, reforçou.
Sobre as eleições de domingo, Marcelo não tem “nenhuma dúvida de que vencerá a coligação de Passos Coelho e Paulo Portas”.
"Se ganhar António Costa, será a maior surpresa da democracia portuguesa.”
E explicou por que está tão seguro da escolha dos portugueses no domingo.
“Porque até há seis meses ninguém acreditava que seria possível. Todas as sondagens davam Costa como vencedor e Passos como derrotado, com menos 800.000 votos que em 2011. Mas os bons resultados económicos, uma certa melhoria no dia-a-dia e as falhas na estratégia eleitoral de Costa fizeram crescer mais e mais a confiança no centro-direita, apesar dos cortes e de três duros anos por imposições da troika. As últimas sondagens mostram que Passos recuperou 200.000 votantes e Costa apenas 80.000, sem ganhar os 600.000 descontentes do centro. Preferiu aproximar-se da esquerda, que dificilmente se aliará a ele. Para mim foi um erro”, argumentou.
E Marcelo não acredita que até domingo António Costa recupere o eleitorado perdido pela direita.
“Se o centro consegue os 2.200.000/2.300.000 de votos que dão as sondagens, entre 38 e 40% do eleitorado, é possível que esse meio milhão de eleitores perdidos em 2011 não votem ou votem em branco. É esperada uma abstenção em redor dos 45%. Acho muito difícil que muitas dessas pessoas votem de repente no Costa”, considerou.
Na segunda-feira será a vez de Cavaco Silva entrar em ação dando “luz verde ao vencedor para formar Governo”, explicou o comentador da TVI. “Se Passos vencer por pouca margem terá de enfrentar uma maioria de esquerda no Parlamento. Cavaco lutará para que Passos e Costa, ou a pessoa que o substitua, porque estou convencido de que Costa se demitirá em caso de derrota, cheguem a um acordo em temas importantes”, antecipou.
Qualquer que seja o resultado das legislativas, Marcelo Rebelo de Sousa tem a certeza de que os destinos de Passos e Costa serão bem distintos.
“Conheço bem Costa e as discrepâncias atuais no PS resultantes da luta pela liderança no partido com Seguro e pelo caso Sócrates. Se for derrotado no domingo, sairá e abrirá uma luta pelo poder entre Francisco Assis e António José Seguro, a quem Costa derrotou nas Primárias. O caso de Passos é diferente. A sua liderança no PSD é inquestionável. Se perder, ficará sempre no partido a sensação de dever cumprido após quatro anos duríssimo”, defendeu.