Oposição acusa Sócrates de se fazer de vítima - TVI

Oposição acusa Sócrates de se fazer de vítima

PCP diz que «verdadeiras vítimas são os que sofrem as consequências das políticas». PSD acusa primeiro-ministro de fazer «chantagem», CDS diz que Sócrates é responsável pela crise e BE fala em «jogo de passa-culpas» entre PS e PSD

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O PSD acusou esta segunda-feira Sócrates de «lançar confusões» e «tentar confundir os portugueses» na entrevista desta noite. Luís Montenegro diz que uma das confusões lançadas pelo primeiro-ministro, «muito preocupante», foi «a de dizer que estava disponível para discutir este Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) antes do próximo Conselho Europeu».

«Ora, ainda hoje, na conferência de líderes aqui na Assembleia da República nós propusemos que assim fosse e foi o Governo que o rejeitou», assinalou o vice-presidente do PSD.

Segundo o deputado, «outra confusão» lançada por José Sócrates foi a de «dizer que este PEC é muito importante, que era essencial apresentá-lo na Europa, como fez» e, ao mesmo tempo, «que, afinal, está disponível para o alterar» em resultado de uma negociação com os partidos da oposição. «Isso não dá credibilidade nem ao próprio primeiro-ministro nem ao país», considerou.

Luis Montenegro disse ainda que «o primeiro-ministro voltou a lançar uma chantagem política inaceitável sobre o PSD e sobre os partidos da oposição, como que dizendo: "ou é aprovado este programa, ou então Portugal vai ter de recorrer à ajuda externa"».

«Nós vimos esta entrevista do senhor primeiro-ministro como revelando um estado de se agarrar muito ao poder. Parece que estamos na presença de um primeiro-ministro que se levanta e que se deita todos os dias preocupado em ser primeiro-ministro».

CDS diz que Sócrates é responsável pela crise

«O primeiro-ministro apresenta-se como uma verdadeira vítima dos acontecimentos e da situação de Portugal, como se ele não fosse um dos principais responsáveis», afirmou a deputada do CDS, Cecília Meireles. «Há cinco anos, tínhamos de 80 mil milhões de euros, hoje é quase o dobro, cerca de 150 mil milhões. Dois terços dos impostos de quem trabalha e do trabalho, são para pagar juros desta dívida. Isto é manifestamente incomportável, como aliás já alguns secretários de Estado vieram dizer. Não percebo como ele se apresenta como uma vítima e como se não houvesse responsáveis por esta situação», disse.

«Verdadeiras vítimas são os que sofrem as consequências das políticas do Governo»

Jorge Pires, da Comissão Política do PCP, disse à agência Lusa que o primeiro-ministro «apareceu com uma postura de vítima», quando «as verdadeiras vítimas são os que sofrem as consequências das políticas» do Governo: os pensionistas, os desempregados e os trabalhadores precários.

Para o PCP, Sócrates manifestou «um estranho conceito de interesse nacional», quando avança com «o congelamento de salários e reformas e o facilitismo do despedimento de trabalhadores».



Jorge Pires afirmou que a questão de uma moção de censura do PCP ao Governo «não está posta de lado».

«Jogo de passa-culpas»

Para o Bloco de Esquerda, «as múltiplas declarações dos últimos dias, quer de responsáveis do PS, quer do PSD, reforçam de que há um jogo de passa culpas movido por simples calculismo político do PSD e do PS»

« Temos um Governo que governa enquanto o principal partido da oposição o deixa governar e temos o principal partido da oposição à espera que os efeitos da impopularidade destas medidas do Governo o desgastem suficientemente para depois, como disse Passos Coelho, ir finalmente ao pote», disse João Semedo.

«Sócrates é subserviente a Merkel»

O partido ecologista «Os Verdes» considera «que ficou bem patente nesta entrevista que não é a confiança dos portugueses que preocupa o Primeiro-Ministro, mas única e exclusivamente a confiança que as instituições europeias e os mercados têm nas suas políticas».

«Ficou, então, bem patente que a sua subserviência não é ao povo português, mas sim à Alemanha, à Sra Merkel e aos mercados financeiros, que deploram o estado em que se encontra Portugal».
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