Santos Silva: «Perderam mais este combate» - TVI

Santos Silva: «Perderam mais este combate»

Ministro da Defesa satisfeito com a reprovação da moção de censura

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Quando o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, chamou Augusto Santos Silva para encerrar o debate sobre a moção de censura apresentada pelo PCP, ouviu-se de imediato um «bruá» na sala, um misto de surpresa e excitação dos deputados da oposição, talvez com saudades do estilo do ex-ministro dos Assuntos Parlamentares.

E o agora ministro da Defesa não os desapontou. Com um tom sério, aguerrido, e duras críticas a todos os partidos da oposição, Santos Silva apontou as razões pelas quais «todos falharam» no debate da moção de censura.

«Falhou o PCP ao querer abrir uma crise política, falhou o BE por ir a reboque do PCP e falhou a direita, que perdeu uma oportunidade de recusa clara à instabilidade política», afirmou.

«Perderam mais este combate. Quem perde com a derrota da moção é o sectarismo, a irresponsabilidade política e o anti-europeísmo militante», acrescentou.

Desta vez, o «malhar» foi mesmo mais na direita, pois Santos Silva acusou os sociais-democratas de estarem «desconfortáveis» neste debate.

Citando declarações de Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças social-democrata, Augusto Santos Silva frisou que este defende a redução dos salários em dez por cento e que os 13º e 14º meses deveriam ser convertidos em obrigações do tesouro.

«Pelas circunstâncias, o PSD foi obrigado a dar o acordo às medidas do Governo, mas não eram bem essas as medidas que esperava. Se o PSD pudesse, reduzia salários, privatizava a Segurança Social públicas e liberalizava o despedimento», acusou.

Acusando a bancada laranja de «falta de coerência política», o ministro da Defesa comentou que «chega a ser comovente a candidez com que o PSD dá razão ao PCP», sublinhando que «a moção de censura também é contra o PSD».

«E o que faz o PSD? Abstém-se face a essa atitude. Porque sabem muito bem o julgamento que o povo faria se acompanhassem a extrema-esquerda no derrube do Governo», referiu, acusando os sociais-democratas de terem «medo».

«Golpe de teatro» com citações de Shakespeare

Com Santos Silva em cena, até William Shakespeare foi citado, com recurso a famosas personagens do dramaturgo inglês para criticar o «calculismo» do PSD.

«Este não é o tempo para virar a cara à luta como ainda hoje tentou aqui fazer o PSD», apontou.

«Não é tempo dos hamlets [tragédia de Shakespeare]. São ou não são, estão ou não estão, concordam mas não concordam, não censuram hoje porque querem censurar amanhã. Não é tempo dos hamlets, muito menos dos iagos [personagem de Otelo], dos calculistas, dos que manobram na sombra. Não é o tempo dos indecisos, nem dos calculistas», afirmou, muito aplaudido pela bancada do PS, que certamente apreciou o «golpe de teatro».

Assis tem «dúvidas» em relação ao apoio do PSD

Igualmente assertivo foi o líder parlamentar do PS, que confessou as suas «sérias dúvidas» em relação à participação do PSD num acordo com o Governo.

«Fiquei com sérias dúvidas se o PSD está a participar neste esforço de forma séria, compreendendo o que é o interesse do país, ou se está a participar neste processo pelo mais puro calculismo eleitoral», disse.

Francisco Assis avisou o PSD que «não é sério que diga que a responsabilidade da crise é exclusiva do Governo».
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