Governo «cedeu» aos grupos económicos

O empresário e ex-deputado Henrique Neto lamentou esta quinta-feira a decisão do Governo de instalar o novo aeroporto de Lisboa em Alcochete, considerando que é um sinal do peso dos grupos económicos nas decisões políticas, escreve a Lusa.

«Lamento que o poder económico em Portugal mande no poder político», afirmou o antigo porta-voz do PS para a Economia durante os Estados Gerais de António Guerres.

«Sempre estive convencido que este Governo iria escolher Alcochete» porque o Executivo «não tem nenhum interesse em defender o interesse nacional, mas sim os interesses dos grupos económicos mais poderosos do país», disse Henrique Neto à Agência Lusa.

«A partir do momento em que a CIP tomou posição a favor de Alcochete, o Governo foi atrás», acrescentou o empresário da Marinha Grande, que lamentou esta subserviência numa «expressão tão clara».

«Os negócios de curto-prazo e da especulação tomaram conta do país», afirmou.

Demissão de Mário Lino

O deputado social-democrata Feliciano Barreiras Duarte reclamou esta quinta-feira a demissão de Mário Lino e criticou a escolha de Alcochete para acolher o novo aeroporto internacional de Lisboa.

«O Governo cedeu a lóbis políticos e económicos que conseguiram no país inviabilizar a Ota e nesse sentido espera-se que o primeiro-ministro e o Governo expliquem ao país esta mudança radical», afirmou à Agência Lusa Feliciano Duarte.

«Com esta decisão, fica claro na minha opinião que o ministro Mário Lino deixa de ter condições para continuar no Governo» já que «assumiu vários compromissos públicos sustentados em estudos diversos que apontavam para a Ota».

«Na minha opinião, esta decisão revela que quem perde é Portugal e os portugueses» e «quase dez anos depois de um outro Governo ter decidido que o novo aeroporto seria na Ota» Portugal «está a recuar quando deveria estar quase a inaugurar» a obra.

Feliciano Duarte lamentou também as críticas do seu partido que «mudou de opinião depois de passar à oposição» o que indiciava um «pacto secreto» entre Marques Mendes e José Sócrates.

Agora, apesar da «má escolha», Feliciano Duarte considera «fatal como o destino que Portugal tem de construir um novo aeroporto internacional» até porque a «saturação da Portela está a antecipar-se em relação aos prazos previstos».