Ferreira Leite desafia deputados a travarem Orçamento - TVI

Ferreira Leite desafia deputados a travarem Orçamento

Para a social-democrata, «só por teimosia» é que o Governo pode «insistir numa receita que já se viu que não cumpre os seus objetivos». Por isso, «alguma coisa tem de ser mudada»

Manuela Ferreira Leite desafiou os deputados a travarem o Orçamento de Estado para 2013, por discordar das novas medidas de austeridade anunciadas por Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar.

«Em relação ao orçamento, cada um de nós, em consciência, faça aquilo que deve fazer para tentar inverter a orientação política que tem estado a ser seguida... Estou à espera de ver como vão reagir os deputados. Estou para ver se votam a favor, se votam contra, se aceitam tudo...», afirmou, em entrevista à TVI24.

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Para a ex-líder social-democrata, os deputados não devem ficar «a olhar para o Presidente da República» para que este «limpe as consciências do que não fizeram».

«Os deputados têm também a função de explicitar a sua não aceitação de determinadas medidas, para assim o Presidente ter margem para intervir», reforçou.

Insistindo que os deputados devem «votar de acordo com sua consciência», Ferreira Leite admitiu que haverá disciplina partidária, que obrigará os deputados do PSD e do CDS a votarem a favor da proposta, mas salientou que «há formas de se abandonar o mandato».

«Não nos podemos apoiar naquilo que o Presidente da República pode fazer para nos isentarmos de exercer as obrigações que cada um de nós tem de exercer», concluiu, frisando que, até o OE chegar a Cavaco, «alguma coisa tem de ser mudada».

Manuela Ferreira Leite foi muito crítica em relação às novas medidas de austeridade. «Só por teimosia é que se pode insistir numa receita que já se viu que não cumpre os seus objetivos», afirmou, considerando que este programa está «a destruir o país».

Sobre as alterações da Taxa Social Única, Ferreira Leite apontou que «ninguém foi ouvido» e «ninguém a defende». «Não há ninguem que não diga que é uma medida altamente perniciosa, que vai aumentar dramaticamente o desemprego, e que só por teimosia pode vir a ser aplicada», frisou.

Questionada sobre qual seria a sua solução, a ex-líder laranja admitiu que o seu remédio «nunca seria muito diferente», porque «grande parte da orientação é externa». No entanto, garante que «berrava por todo o lado», nas instituições internacionais. «Então tenho estado a portar-me bem, tenho condições excecionais no país para fazer tudo bem, e não me ouvem? Para que me serviu ser bem comportada?», questionou.

Manuela Ferreira Leite confessou estar «espantada» com a quebra do consenso político. «Parece que se está a querer ficar igual à Grécia de propósito», afirmou. «O CDS não deve saber o que se passa, senão tem que dar respostas ao eleitorado, e Paulo Portas podia já ter reagido sem ter convocado os órgãos do partido». Lamentou ainda que o PSD esteja «a dar a oportunidade ao PS de se demarcar» da sua política.

A social-democrata foi particularmente crítica no corte das pensões, do qual está «convicta que é absolutamente ilegal». «Isto não é nenhum corte na despesa, é um imposto», avisou.
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