«Olhe pelas aldeias e pelos lavradores» - TVI

«Olhe pelas aldeias e pelos lavradores»

Campanha do CDS em Chaves

Portas nas ruas e na feira de Chaves ouviu queixas e até alguns agradecimentos de ex-combatentes

É na rua que Portas se sente bem. Nota-se nas acções de campanha e líder do CDS é o primeiro a assumir que gosta do contacto com o povo. Por isso, esta quarta-feira, enquanto Nuno Melo ainda recuperava da noite passada em viagem, coube ao presidente do partido o papel de levar a campanha para as ruas de Chaves.

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A agenda marcava o início para a feira, mas Portas andou primeiro pelo centro da cidade. «Olha o doutor Paulo Portas. Lembra-se de mim? Falei consigo da última vez que cá esteve», «há muito tempo que não o via por cá», ou, «então está de volta?», diziam os flavienses que se cruzavam com a comitiva. A todos, Portas retribuía com um sorriso e os abraços e beijinhos do costume.

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«Não é só Lisboa que é Portugal», disse-lhe um pastor, que lhe pediu para fazer alguma coisa pelas gentes da aldeia. «As pessoas conhecem-nos, sabem as nossas ideias, as nossas medidas sobre agricultura», dizia Portas aos jornalistas.

E foi claro que os flavienses conheciam Portas. «Deus queira que quando eu morrer, Deus goste tanto de mim como eu gosto de si», disse-lhe um idoso. E foram vários os ex-combatentes que lhe foram agradecer as reformas atribuídas no tempo em que era ministro da Defesa.

Portas conhece bem Chaves e os flavienses. Quer ir tomar café ao «sítio do costume» e não abdica de uma visita ao mercado «porque as pessoas levam a mal se não formos ao comércio local».

Anda mais uns passos, e nova paragem. Desta vez, queixas do Governo e de José Sócrates. Portas aconselha-os a votar, para mudar o que está mal. «É pena que ele não vá para lá [para o Governo», dizem depois de o líder se afastar. Esta parece ser aliás a convicção de muitas pessoas. «Eu vou votar nele. É pena que ele não ganhe», diz uma vendedora de hortaliças no mercado.

Dentro do mercado, Portas fala com vendedores e compradores. Prova as cerejas e tem até direito a trazer um saquinho delas embora. Mais beijinhos, abraços, cumprimentos e queixas. Uma professora fala do estado da educação, uma feirante queixa-se que «ninguém protege os lavradores que já não ganham sequer para o gasóleo». E nota-se a interioridade: falam-lhe do dinheiro que vai todo para Lisboa, das aldeias que ficam desertas, dos subsídios que não chegam e há quem diga mesmo que «o que era bom era que Salazar voltasse».

«Ele [Sócrates] vai voltar a ganhar», disse um feirante a Portas. «Não há lá nenhum melhor. O senhor até é dos que falam melhor, mas os outros¿ o PSD está todo escangalhado. A Ferreira Leite agora diz que faz, mas quando lá esteve, não fez nada. E o povo não está habituado a ter mulheres no poder», continuou.

Entretanto, junta-se Nuno Melo à comitiva e assume a campanha de novo, porque Portas tem um compromisso em Valpaços. Na visita a outro local de feira da cidade, o cabeça-de-lista distribuiu folhetos, apelou ao voto no CDS e ouviu algumas [poucas] queixas, até porque já quase não havia ninguém. «Então o homem não veio?», pergunta um feirante à comitiva. O homem era Portas.

Alguns não sabem muito bem quando são as eleições, nem para quê. Afirmam que vão votar, mas poucos dizem em quem. «Se pudesse votar 100 vezes, votava no Sócrates», diz um feirante. Já outra garante que «há alguns anos» deixou de votar PSD para votar no CDS. «Então e para que são as eleições?» Perguntamos a um casal de vendedores. Uma hesitação inicial e depois surge a resposta: «É para o Europeu, não é?»
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