Sociedade «off-shore» do BPN usada para ocultar ganho de 130 milhões - TVI

Sociedade «off-shore» do BPN usada para ocultar ganho de 130 milhões

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ERGI Empreendimentos era detida em 20% pelo BPN e em 80% pela Swiss Finance

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O BPN ocultou 129,5 milhões de euros da venda da empresa brasileira ERGI, em 2006, através de uma sociedade «off-shore» controlada pelo grupo Sociedade Lusa de Negócios (SLN), apurou a agência «Lusa» com base nos registos oficiais.

Segundo os registos da Junta Comercial de São Paulo, a ERGI Empreendimentos era detida em 20 por cento pelo BPN e em 80% pela Swiss Finance, uma «off-shore» que o Banco de Portugal, numa carta remetida em Junho à administração do BPN, e a que a «Lusa» teve acesso, identifica como pertencente à SLN (a proprietária do banco).

Um antigo responsável da SLN, que pediu para não ser identificado, confirmou que a Swiss Finance é, de facto, uma das várias sociedades «off-shore» controladas pelo grupo.

A ERGI, cujo principal activo era o complexo imobiliário JK, em São Paulo (ver cronologia), foi vendida em Dezembro de 2006 ao grupo brasileiro WTorre, por 135 milhões de euros. Mas no relatório e contas desse ano, a administração do BPN refere um encaixe de apenas 5,5 milhões de euros com a operação, o que significa que os restantes 129,5 milhões de euros não foram incluídos nas contas do banco.

Cerca de 20 meses depois, em Agosto deste ano, a Torre de São Paulo, uma das três que fazem parte do complexo JK, foi vendida ao Banco Santander por 1,06 mil milhões de reais (438 milhões de euros, ao câmbio de então).

A ERGI Empreendimentos é a empresa brasileira do Grupo SLN onde o BPN injectou cerca de 230 milhões de euros, na forma de empréstimos concedidos pelo Banco Insular de Cabo Verde, uma instituição 'off-shore' que a SLN controlou de forma clandestina durante vários anos.

Os empréstimos concedidos à ERGI não chegaram a ser liquidados, pelo que deverão fazer parte dos cerca de 407 milhões de euros em crédito malparado que, segundo o Banco de Portugal, consta do balanço do Insular.

Segundo a Junta Comercial de São Paulo, o administrador da ERGI na altura da venda à WTorre era Jorge Vieira Lobo de Sousa, um cidadão português com residência em São Paulo.

Contactada pela «Lusa», fonte oficial do BPN não quis fazer comentários.
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