Aeroporto e TGV devem ser atribuídos à iniciativa privada - TVI

Aeroporto e TGV devem ser atribuídos à iniciativa privada

TGV está 15 anos atrasado

Os empresários portugueses querem que os grandes projectos estruturantes, como o novo aeroporto de Lisboa e a Alta Velocidade, sejam concessionados à iniciativa privada.

Em conferência de imprensa conjunta, para fazer um balanço da Estratégia de Lisboa, a Associação Industrial Portuguesa (AIP) e a Confederação da Indústria de Portugal (CIP) afirmaram estar contra estes projectos, se eles forem financiados pelo Estado ou atribuídos a consórcios estrangeiros.

«Nós sabemos que existem muitas empresas estrangeiras interessadas no negócio do novo aeroporto, via privatização e concessão», afirmou Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP, para quem os projectos devem de facto ser entregues a privados, mas portugueses. «Se o Estado reduzir a sua participação neste projecto, pode reafectar esses recursos a outras áreas onde são mais necessários e simultaneamente reanimar o tecido empresarial nacional».

Também no TGV, Rocha de Matos e Francisco Van Zeller defendem que deve ser concessionado a consórcios nacionais, internacionais ou mistos, desde que tornem a linha competitiva. «O Estado pouparia dinheiro que podia ser usado, por exemplo, para reduzir o défice», afirmou o presidente da AIP.

Sobre isto, diz Rocha de matos que Portugal tende a ser «mais papista que o Papa». E dá o exemplo espanhol, onde «o Governo, neste tipo de projecto, costuma chamar os empresários, e dividir o bolo. Depois fazem-se concursos para atribuir os trabalhos, mas já se sabe quem vai ganhar. Vai contra as regras da União Europeia, mas depois quem quiser reclamar, que reclame».

Investimentos podem não reduzir desemprego e atrair mais imigrantes

A par com estes dois grandes projectos, todos os outros que constam do programa de Investimentos em Infra-estruturas Prioritárias (PIIP), apresentado esta semana pelo Executivo, são «bem vindos, mas não os queremos para serem feitos por estrangeiros ou se aumentarem a dívida pública e o défice orçamental», acrescentou Rocha de Matos, acrescentando que «a viabilidade destes projectos deve ser aferida pelas empresas, ser colocados no mercado para que a iniciativa privada os avalie».

E Van Zeller lembrou que «um aeroporto é actualmente um grande centro de logística, que deve estar articulado com outros. Neste caso, é necessária a articulação, nomeadamente, com outro centro logístico, que deve surgir na margem sul, para ligar Sines a Setúbal e o futuro aeroporto de Beja, caso venha a surgir».

Importante também é que exista consenso entre o Governo e a oposição quanto a projectos desta envergadura, para que as políticas estruturantes não mudem consoante as alterações governamentais, de forma a não colocar em risco este tipo de investimento, que pode parar quando o Governo mudar.

Van Zeller deixou ainda um apelo ao Governo para que, de futuro, neste tipo de iniciativa, ouça primeiro os representantes do tecido empresarial, uma vez que «este tipo de projecto estruturante não pode ser decidido apenas pelo Governo».

O mesmo responsável teme que estes projectos não criem novos empregos, retirando os portugueses das listas de desempregados, como foi anunciado, mas que se tornem num pólo de atracção de mais imigrantes para trabalhar nestas obras.
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