Um abrandamento mais marcado da economia europeia nos próximos meses poderá levar o Banco Central Europeu (BCE) a passar à acção apesar de manter um discurso muito severo sobre o risco inflacionista, prevê o BNP Paribas.
«Vários membros do conselho dos governadores já começaram a realçar o abrandamento do crescimento. Os rumores de falências de grandes estabelecimentos bancários alimentaram uma descida das cotações nos últimos dias. Contudo, tais falências parecem pouco prováveis», adianta.
Para os especialistas, é difícil de imaginar que os governos não desenvolvam todos os esforços no sentido da preservação do sistema financeiro.
Porém, as dificuldades do sector não vão desaparecer de um momento para o outro e continuarão a penalizar os mercados accionistas.
Os factores de baixa dos mercados accionistas e os riscos já foram identificados, mas os elementos de sustentação a médio prazo não desapareceram, nomeadamente intervenções dos bancos centrais, relançamento orçamental nos Estados Unidos, liquidez ainda abundante (reservas cambiais) e cotações atractivas. «Por outro lado, empresas de muitos sectores parecem encontrar-se em condições de resistir a um abrandamento da actividade económica (baixo nível de endividamento, disponibilidades elevadas, posicionamento concorrencial, etc.)».
Inquietações nos mercado são legítimas, mas excessivas
Para o BNP, existe o risco de que as publicações dos resultados do quarto trimestre e do ano de 2007 venham alimentar, um pouco mais, as inquietações no curto prazo.
«Face aos desempenhos bolsistas desde o início do ano, parece estar a ser amplamente antecipado um cenário negro em termos de crescimento mundial. O S&P já perdeu 9,8% (fecho de 18 de Janeiro), enquanto, na Europa (menos 15,8% no EuroStoxx 50 em 21 de Janeiro) e no Japão (menos 17,9% no fecho de 22 de Janeiro), as perdas são mais acentuadas», apontam.
No actual cenário de mercado, para o BNP, a aceleração da inflação deixou de constituir motivo de preocupação. A apatia instala-se: o clima encontra-se muito degradado neste início do ano, em que a palavra «recessão» é muitas vezes pronunciada, a visibilidade (resultados das sociedades, previsões dos analistas e conjuntura) é muito limitada e os riscos são elevados.
E acrescentam: «A grande volatilidade no conjunto dos mercados financeiros reflecte estas inquietações que, embora legítimas, serão, talvez, excessivas. Embora a situação conjuntural não se tenha degradado significativamente no espaço de um mês, com o passar das semanas, este ambiente de apatia pode começar a alimentar-se a si mesmo».
Ainda o tema dos incumprimentos em cartões de crédito nos EUA «poderá alimentar os receios de uma recessão resultante do afundamento do consumo assim como de dificuldades suplementares para o sector financeiro (titularização e resultados de estabelecimentos especializados)».
![BCE pode passar à acção se abrandamento da economia continuar - TVI BCE pode passar à acção se abrandamento da economia continuar - TVI](https://img.iol.pt/image/id/8632700/400.jpg)
BCE pode passar à acção se abrandamento da economia continuar
- Redação
- MD
- 24 jan 2008, 16:05
![bolsa](https://img.iol.pt/image/id/8632700/1024.jpg)
Falência de grandes bancos é pouco provável
Continue a ler esta notícia