Belmiro de Azevedo diz que centrais de Biomassa são mais económicas que OTA e TGV - TVI

Belmiro de Azevedo diz que centrais de Biomassa são mais económicas que OTA e TGV

Belmiro de Azevedo - Biografia

Belmiro de Azevedo, presidente do grupo Sonae, defende a «criação de centrais de Biomassa» como um projecto «altamente rentável» para o aumento da atractividade do investimento em floresta, que exige um «investimento menor que a OTA e o TGV», afirmou em tom de crítica à ausência de instrumentos ou incentivos por parte do Governo nas florestas portuguesas.

O empresário considera que as centrais de Biomassa «geram riqueza e podem criar inúmeros postos de emprego», pelo que são «uma cadeia de valor que infelizmente está longe de ser explorada», afirma o empresário em tom de crítica ao Governo, na conferência internacional «Investir nas florestas portuguesas», organizada pela API e Universidade de Coimbra.

Mas as críticas vão mais longe: o presidente da Sonae sugere, ainda, que os «bombeiros, cujo trabalho é de louvar durante a época de Verão no combate aos incêndios», deviam «ajudar na limpeza das florestas no Inverno». Também «para criar o hábito», os militares «podem eventualmente participar nesse trabalho de limpeza», de forma a diminuir o elevado número de fogos florestais.

Belmiro de Azevedo realçou que o actual sistema que predomina nas florestas portuguesas, de minifúndio, conduz à «perda de competitividade, falta de economias de escala, inexistência de gestão profissional e difícil prevenção aos incêndios».

As recomendações para a atractividade do investimento na floresta sustentam-se em «programas de incentivos financeiros a criar pelo Governo», defende a mesma fonte. A parcela tributária que o Estado arrecada nesta área «não é grande», logo, a solução baseia-se num «sistema cooperativo sério», com «benefícios e penalizações fiscais para quem investisse ou não no emparcelamento das áreas florestais».

A quebra de barreiras à entrada de investidores e a concorrência leal pela matéria-prima são, também, algumas das recomendações de Belmiro.

«Portugal não tem dono político»

O presidente do grupo Sonae reafirma a necessidade de «uma acção imediata do Estado», afirmando que é necessário um «dono político para a questão florestal, que ainda não existe».

Um ataque ao problema dos fogos florestais e uma política específica para o sector são, ainda, algumas das recomendações feitas pela mesma fonte para o papel do Estado. Se o Governo «repetir a inacção do passado» nesta matéria «vamos ser conduzidos para uma deslocalização».

Ainda no seu discurso, o empresário refere a importância da madeira, utilizando uma frase da Comissão Europeia, «a madeira desempenha um papel essencial no combate às alterações climáticas e o uso crescente de produtos de madeira estimulará a expansão das florestas europeias».

«Construir e viver com a madeira» é sinónimo de renovação da política florestal portuguesa e, segundo o empresário, Portugal não tem ainda nenhuma fábrica de mobiliário significativa e não «temos designers». Quando questionado com a possibilidade do grupo Sonae investir neste «nicho» do mercado português, o silêncio do empresário foi a resposta.
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