A «Agência Financeira» foi tentar saber qual o impacto desta greve na economia, mas «qualquer estimativa capta muito mal a essência» dos efeitos da greve, disse o economista João César das Neves.
«O Estado ainda poupa muito dinheiro. Por estes dois dias em que os funcionários não estão a trabalhar, não se paga electricidade, não se paga telefone, não se paga água e, acima de tudo, poupa-se nos ordenados, porque os dias de greve não são remunerados», diz.
«A ter algum efeito, reduz a despesa do Estado», diz um economista.
«Os verdadeiros custos são suportados pelos doentes, que são menos bem tratados nos hospitais e centros de saúde nestes dias, pelos alunos, que não têm aulas, etc. Ou seja, os únicos prejudicados são os cidadãos», acrescenta o professor da Universidade Católica.
Também outro economista contactado diz que, na verdade, a paralisação registada nesta 5ª e 6ª feira, «tem um impacto económico directo no PIB muito pequeno. Nem as empresas são penalizadas, quanto mais o Estado», ironiza.
É que, quando estão nos seus portos de trabalho, os funcionários públicos «criam custos sem qualquer finalidade, a burocracia promove-se a si própria».
2% do PIB gasto no trânsito
«O Estado não sai prejudicado. Esta greve viola o princípio das greves, porque em vez de prejudicar o patrão (que, neste caso, é o Estado), prejudica o cidadão. Os cidadãos é que perdem tempo nas filas, nos transportes, no trânsito, é que vêem as suas vidas transtornadas», acrescenta o economista.
«Estima-se que o tempo gasto pelos portugueses nas filas de trânsito custam cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano. A julgar pelo caos que se vê em Lisboa, só posso dizer que estes dois dias contribuem mais para esse valor do que os restantes», concluiu.
Estado poupa «muito dinheiro» com greve da função pública
- Paula Martins
- 9 nov 2006, 18:13
Ao contrário do que muita gente pode pensar, a greve de dois dias da função pública, que está a quase paralisar o País, não sai cara ao Estado. Antes pelo contrário: o erário público só poupa com a situação. Quem paga, são os cidadãos.
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