Irão pode receber ultimato se arma nuclear for para breve - TVI

Irão pode receber ultimato se arma nuclear for para breve

Central Nuclear

Os Estados Unidos podem avançar com um ultimato ao Irão no Conselho de Segurança da ONU se Teerão estiver perto do fabrico da bomba atómica, disse à Lusa o embaixador norte- americano em Lisboa.

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«Boa parte do 'timing' (de uma decisão) depende de quão perto o Irão está de ter a bomba nuclear», afirmou Alfred Hoffman numa entrevista à Agência Lusa, quando questionado sobre a possibilidade de um ultimato dos Estados Unidos ao Irão na primeira reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o processo nuclear iraniano.

O embaixador frisou, no entanto, que a administração norte- americana «não estabeleceu uma data» e que, ainda recentemente, «a secretária (de Estado, Condoleezza) Rice disse que não há necessidade urgente de marcar um prazo».

«O Irão tem de saber que as consequências de não renunciar ao desenvolvimento de tecnologia nuclear (militar) podem ser muito dolorosas», afirmou, acrescentando que «os Estados Unidos estão firmemente empenhados» em impedir que disponha de armas nucleares.

O Conselho de Governadores da agência da ONU que controla a proliferação nuclear (Agência Internacional de Energia Atómica, AIEA) está reunido desde segunda-feira para analisar o mais recente relatório sobre as actividades nucleares iranianas e decidir se passa o processo para as mãos do Conselho de Segurança (CS) da ONU com vista à imposição de sanções ao Irão.

Sobre as expectativas norte-americanas em relação a uma próxima reunião do CS, Alfred Hoffman disse esperar que «as Nações Unidas continuem a tentar resolver esta questão de maneira pacífica» mas também que «não deixem de insistir (nela) e não permitam atrasos», para que a «segurança mundial não seja posta em causa».

Alfred Hoffman falou ainda da recente vitória eleitoral do movimento radical palestiniano Hamas e da iniciativa russa de convidar uma delegação do movimento para contactos políticos em Moscovo, quebrando a estratégia israelita, apoiada pelos Estados Unidos, de isolar internacionalmente o Hamas até que renuncie à violência e à destruição do Estado de Israel.

A este respeito, o embaixador afirmou estar «mais interessado em ver o Hamas remover os obstáculos à continuação da ajuda (financeira dos EUA e da UE) do que na doutrina do diálogo».

«Se há alguma dúvida quanto à nossa posição, então deve haver diálogo. Mas penso que a nossa posição é muito clara (Ó) Agora, se nos disserem que há qualquer coisa que não pode ser assumida sem um diálogo, então teremos de considerar», afirmou.

Questionado sobre se o Hamas vai encontrar países árabes que «cubram» os cerca de 800 milhões de euros canalizados anualmente para os territórios pela Europa e pelos EUA, o embaixador considerou que «não há esse risco», na medida em que «qualquer país árabe que decida apoiar publicamente uma organização terrorista vai, ele próprio, correr grandes riscos».

O contestado campo de detenção de suspeitos de terrorismo instalado na base norte-americana de Guantanamo foi outro dos temas abordados, com Alfred Hoffman a reiterar que os detidos são bem tratados e estão legalmente enquadrados.

Recusando as conclusões do relatório apresentado recentemente por um grupo de cinco especialistas da ONU que pedem o «encerramento imediato de Guantanamo», o embaixador assegurou que as condições de detenção são boas e que os Estados Unidos «não apoiam nem estão envolvidos em tortura ou em qualquer actividade que possa ser descrita como um abuso físico» dos prisioneiros.

Defendeu, por outro lado, que os detidos gozam da protecção de direitos estabelecida pelas Convenções de Genebra e que os seus casos são revistos anualmente por tribunais militares em concordância com os princípios legais.

Quanto aos 500 que permanecem em Guantanamo, Hoffman assegurou que «estão lá por representarem um perigo para o mundo» e que «vão ser mantidos lá até que deixem de representar um perigo ou até que a guerra (contra o terrorismo) acabe».

«Entre os detidos está o bombista dos sapatos, o principal guarda-costas de Usama bin Laden e algumas das pessoas que financiaram o 11 de Setembro. Diria que, a serem libertados, os 500 que continuam detidos fariam estragos gigantescos».
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