Entrevista Remax: os bancos já não estão a emprestar dinheiro - TVI

Entrevista Remax: os bancos já não estão a emprestar dinheiro

  • Sónia Peres Pinto
  • 28 fev 2008, 00:03
Remax

Há um público com rendimentos mais baixos não vai conseguir comprar casa.

O director-geral da Remax, Manuel Alvarez, garante que as instituições financeiras estão a «apertar» a concessão de crédito e os consumidores com rendimentos mais baixos não vão conseguir comprar casa. A altura é boa para comprar casa até porque, acredita, os preços não vão baixar mais.

A crise financeira, mais acentuada no último trimestre, sentiu-se no sector?

Sim. Os compradores, os vendedores e os proprietários mantêm-se, o problema é que o banco não empresta dinheiro. No ano passado, o banco para um cliente que tinha 2.500 euros de ordenado, emprestava até 200 mil euros, este ano só empresta 170 mil euros. Por isso, já estamos a passar essa informação às agências para qualificarem bem financeiramente o cliente e só mostrar o produto que poderá receber o aval da instituição financeira.

Estamos então a assistir restrições por parte dos bancos...

Sim. Porque está a controlar mais o nível de risco e a restringir a taxa de esforço. Os bancos querem continuar a emprestar dinheiro mas querem fazê-lo sem erros. Temos simuladores nas agências e para X ordenado mostra-se determinada casa. Não se mostra imóveis acima desse patamar porque perde-se tempo.

Devido a este «corte» na concessão de crédito, acha que a maioria dos portugueses está a comprar casas mais baratas ou pequenas?

Sim, a tendência para 2008 é que se comece a comprar imóveis mais baratos mas deixa de existir a pressão dos «spreads». Isso mostra que os bancos estão a adequar mais o produto financeiro à capacidade económica de uma família. Estamos a regressar a um mercado que existia em Portugal há 12 ou 13 anos atrás. Nessa altura só se emprestava dinheiro entregava 15 ou 20% de entrada e as taxas de juro rondavam os 10 a 12%.

Efeitos do subprime...

O problema é que os bancos neste momento não têm liquidez para emprestar dinheiro. No ano passado emprestavam 100 milhões de euros e vendiam 100 milhões de euros aos EUA. Neste momento não há securitização, pois não se pode vender os créditos fora. As instituições têm por isso que arranjar liquidez num curto espaço de tempo, o que faz com que os «spreads» continuem a subir. Ou seja, os compradores existem mas há um público com rendimentos mais baixos não vai conseguir comprar casa.

Preços teriam subido no final do ano

Qual é a solução para esses casos?

Recorrem ao arrendamento ou continuam a morar em casa dos pais ou da sogra.

O aumento dos spreads está a assustar os compradores?

Não. Porque quem compra uma casa já pensou muito, já não se adquire por impulso, isso acontecia em 1998 e 1999. Se os «spreads» estão altos em vez de optarem por um imóvel de 200 mil euros escolhem um de 180 ou 170 mil euros.

Para quem quer comprar casa está é a altura ideal ou deverá adiar a decisão?

Acho que o mercado está barato, se não fosse por causa do «subprime» iríamos assistir a um aumento de preços no final de 2007 ou início de 2009. Penso que é uma boa altura para comprar casa, porque vai-se comprar mais barato do que se tivesse comprado há uns dois anos.

É possível os preços descerem mais?

Não acredito.
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