Bombeiros «torcem nariz» a comandos municipais - TVI

Bombeiros «torcem nariz» a comandos municipais

  • Portugal Diário
  • 18 ago 2006, 17:20

Soldados da paz questionam eficácia da nova medida

Estruturas representativas dos 40 mil bombeiros voluntários portugueses reagiram hoje com reservas à futura nomeação pelos presidentes de câmara de comandantes municipais profissionais para os dirigir, anunciada pelo ministro António Costa. Em declarações à Agência Lusa, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Duarte Caldeira, afirmou ver «com dificuldade» a subordinação de comandantes de bombeiros voluntários a um «corpo estranho». «Vemos também com alguma dificuldade a articulação entre uns e outros», acrescentou.

Sublinhando o seu receio face a soluções «apoiadas em generais sem tropas», o presidente da LBP disse que «primeiro é preciso estabilizar a tropa» e advertiu que «a confiança dos comandantes de bombeiros não se conquista através de um oficial às ordens do presidente da Câmara».

O ministro da Administração Interna, António Costa, disse quinta-feira, em Leiria, que se pretende criar a figura do comandante municipal, nomeado pelos presidentes de câmara, «que possa fazer o enquadramento profissionalizado dos voluntários existentes no concelho».

Os comandantes municipais - equivalente concelhio dos coordenadores distritais de operações de socorro - estão previstos na Lei de Bases de Protecção Civil, mas está por definir o modo de recrutamento dos titulares dos cargos e a forma como vão articular a sua acção com os comandantes de bombeiros voluntários.

«Se a nomeação for um processo burocrático, uma imposição, vai correr mal», perspectivou Duarte Caldeira, dizendo «não querer acreditar» que a criação de comandantes municipais profissionais das estruturas de socorro tenha implícito um propósito de «menorização» dos 40 mil bombeiros voluntários portugueses.

Também em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários (APBV), Paulo Jesus, afirmou aceitar a criação de comandantes municipais «desde que estes dependam hierarquicamente dos comandantes operacionais distritais».

Paulo Jesus defende, ainda, que o titular deste novo cargo seja nomeado pelo presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil e não por autarcas. «Desta forma, há uma hierarquia e um comando único», sublinhou. «Temos, assim, um comandante nacional que dá instruções ao comandante distrital que, por sua vez, orienta o municipal», frisou.

Esta associação vai ainda mais longe, defendendo a criação de coordenadores de socorro nas freguesias.
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