Scotland Yard dá apoio a emigrantes portugueses - TVI

Scotland Yard dá apoio a emigrantes portugueses

  • Portugal Diário
  • 25 jan 2007, 10:07

Sete agentes que dominam português e espanhol foram grupo de apoio

A polícia metropolitana de Londres (Scotland Yard) vai lançar esta semana uma unidade especial de apoio aos emigrantes que falam português e espanhol, noticia a agência Lusa.

O grupo é constituído por sete agentes que dominam ambas as línguas e dará apoio aos emigrantes provenientes de Portugal, Espanha e dos países africanos e da América Latina que falam os mesmos idiomas.

Nos últimos sábados de cada mês, esta unidade especial vai reunir-se num bairro diferente da cidade de Londres, para ajudar sobretudo aqueles que têm dificuldade em falar inglês.

«Muitas destas pessoas não fazem denúncias porque não dominam a língua deste país, não conhecem as leis ou simplesmente desconfiam que têm direito a fazê-las», explicou à agência Lusa o agente Juan Pimienta, coordenador da iniciativa.

Portugueses procuram Reino Unido

O Reino Unido tem sido o destino mais procurado pelos portugueses nos últimos anos, tendo na última década passado dos 30 mil para os 250 mil.

«A chegada de tantos imigrantes provenientes destes países, nos últimos anos, agravou os problemas de comunicação e convenceu-nos da importância em criar este serviço», afirmou o coordenador da iniciativa A situação é mais grave junto das comunidades dos países africanos e da América Latina, disse, explicando que «muitos dos imigrantes destes países entraram no Reino Unido ilegalmente e, por isso, têm medo de falar com a polícia».

«Há centenas de milhares de pessoas que não têm identificação nem autorização para viver aqui e, por isso, mesmo que sejam sujeitas aos piores crimes, nunca os denunciam», adiantou.

Ameaça de deportação afasta imigrantes da esquadras

A ameaça de deportação é o que afasta mais os imigrantes das esquadras, frisa o oficial.

«Como os empregadores também sabem disso, alguns sentem que podem cometer os abusos que quiserem», sublinhou.

O agente citou, como casos de especial interesse, as comunidades de Angola, que as autoridades calculam ter mais de 20 mil pessoas em Londres, e do Brasil, que pode já ter ultrapassado as 300 mil pessoas.

«Para ter uma ideia da gravidade desta situação que pretendemos resolver, basta pensar que só no último mês, durante os encontros regulares que tenho tido com pessoas de todas estas comunidades, cinco mulheres disseram-me que foram violadas», explicou.

Para evitar estes constrangimentos, a Scotland Yard decidiu que nestas reuniões ninguém vai ter de se identificar, nem apresentar qualquer documento aos agentes.

«A única coisa que iremos fazer é dar oportunidade a estas pessoas para falarem com a polícia na sua própria língua - e anonimamente, se quiserem - porque só assim podemos acabar com a criminalidade silenciosa», acrescentou.

De acordo com Juan Pimienta, as denúncias também podem ser feitas por Internet, da mesma forma anónima.

A primeira sessão vai decorrer já este sábado na NAZ, uma instituição de defesa das minorias étnicas, com sede no bairro de Hammersmith, muito perto do centro de Londres.

No último sábado de Abril, será a vez desta unidade da polícia se reunir em Lambeth, onde se concentra grande parte da comunidade portuguesa em Londres.
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