Dois bebés foram resgatados com vida após três dias a flutuar no Lago Kivu, na República Democrática do Congo. O “milagre” acontece numa altura em que o país enfrenta os estragos provocados pelas chuvas fortes, inundações e deslizamento de terras.
“É um milagre, todos ficámos maravilhados”, confirmou à BBC, Delphin Birimbi, líder comunitário local. Apesar de não se saber como sobreviveram, os bebés foram encontrados a flutuar no meio de destroços junto às margens do lago, um em Bushushu e o outro em Nyamkubi, duas das vilas mais atingidas pelas cheias.
Os pais das crianças morreram mas, de acordo com Delphin Birimbi, a comunidade está em contacto com pessoas que poderão tomar conta deles.
A BBC avança que já são, pelo menos, 411 as vítimas mortais da intempérie, das quais 317 já foram enterradas. Estima-se, no entanto, que mais de cinco mil pessoas estejam desaparecidas, de acordo com Delphin Birimbi. A Cruz Vermelha Congolesa está a apoiar os trabalhos de busca e salvamento. 1300 casas terão sido destruídas, para além de estabelecimentos de ensino, de saúde e religiosos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou ter doado material ao hospital de Bukavu, para onde os feridos estão a ser evacuados de barco. Muitas organizações humanitárias estão também a prestar apoio a centros médicos locais.
As operações de resgate continuam em curso em várias aldeias afetadas do leste africano. Na segunda-feira, dia 8 de maio, foi decretado, pelo governo, dia de luto nacional em memória das vítimas. Patrick Muyaya, porta-voz do Governo congolense, usou as redes sociais para expressar solidariedade para com as vítimas.
#RDC : Parce que toute la République est éprouvée. Nous sommes tous #Kalehe ! Compassion et solidarité 🙏🙏🙏🇨🇩🇨🇩 pic.twitter.com/NrvMhuFqk1
— Patrick Muyaya (@PatrickMuyaya) May 7, 2023
No início do mês, também o vizinho Ruanda foi fortemente afetado pelas chuvas fortes que mataram 130 pessoas no início do mês. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, considera que estas cheias são um sinal da aceleração das alterações climáticas e do seu "impacto desastroso em países que não contribuíram de forma alguma para o aquecimento do planeta".