Moradores protestam frente à REN

Cerca de uma centena de moradores de Vale de Fuzeiros estão concentrados frente à sede da Rede Eléctrica Nacional (REN) para protestarem contra a instalação de postes de muito alta tensão naquela zona o que consideram ser «a morte completa» daquela zona do Algarve, escreve a agência Lusa.

Cerca das 15 horas, dois elementos da Associação de Moradores de Vale de Fuzeiros e o presidente da Junta de Freguesia de Messines entraram nas instalações da REN para se reunirem com representantes da empresa.

«Estamos aqui para proteger um vale completo que começa na barragem em Silves, vai até Messines e que com esta atitude da REN estará condenado à morte completa», disse à agência Lusa Jaime Costa Fernandes, proprietário de um projecto de turismo ecológico licenciado em 2004 pelo ministério da Economia e que neste momento está parado, devido à colocação de postes de muito alta tensão.

Jaime Costa Fernandes acusou o presidente da REN e o Ministério do Ambiente de estarem a enganar as populações ao referirem que vão desviar a linha, sublinhando que desviar a linha «de uma casa ou duas não serve o vale nem as suas populações».

O testemunho deste morador foi corroborado por António Duarte e Maria Emília Cabrita que sublinharam que a população pretende que a REN utilize um traçado alternativo para a colocação das linhas e de postes que «passa pela serra, a poucos metros do actual traçado, sem que prejudique casas ou populações».

«Queremos ser ouvidos», «REN não destruam o nosso vale», «REN não respeita os direitos das populações» são algumas das inscrições em muitos cartazes apresentados pelos populares que se fazem acompanhar também por altifalantes e pandeiretas, num protesto muito ruidoso.

Vários moradores disseram à lusa que a REN não afixou editais nem respeitou os prazos legais para a afixação da fase de impacto ambiental e consulta pública do corredor escolhido para a instalação da linha eléctrica, sublinhando que a REN está ainda a desrespeitar a vontade de moradores instalando postes sem o consentimento dos proprietários.

Traçado alternativo poderia prejudicar repovoamento da serra com o habitat do lince ibérico

Questionado sobre o protesto dos moradores de Vale Fuzeiros, José Penedos recusou tomar uma posição, afirmando que «os cidadãos têm direito à manifestação, que é um direito constitucional». «A linha de Vale Fuzeiros depende exclusivamente de uma autorização do Ministério do Ambiente para ser escolhida uma localização alternativa».

De acordo com o presidente da REN, esta alternativa chama-se traçado Norte, mas «é recusada pelo ICN porque supostamente há uma zona para o repovoamento da serra com o lince». «O Norte é por nós aceitável, mas o traçado onde nós estamos a fazer a linha é o que está licenciado», disse.

Já o ministro do Ambiente, Nunes Correia, questionado sobre se está receptivo a ponderar a colocação de uma linha de alta tensão em zona de habitat do lince ibérico, disse não conhecer «nenhum estudo que relacione efeitos de linhas de alta tensão com os habitats do lince» e salientou que «a questão nunca foi colocada».