Bombeiros preparam formação para condutores de ambulâncias

A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) vai elaborar um plano de formação para condutores de viaturas prioritárias, para tentar diminuir o elevado número de acidentes registados nos últimos 27 anos, anunciou este sábado, o seu presidente, Duarte Caldeira, escreve a Lusa.

Durante o Conselho Nacional da LBP realizado, este sábado, em Castro Daire, Duarte Caldeira aludiu a um estudo, que deverá ser concluído até ao final deste mês, sobre o número de bombeiros mortos em serviço entre 1980 e 2007.

«Eu próprio fiquei surpreendido com as conclusões a que cheguei neste estudo que estou a concluir», afirmou aos jornalistas, explicando que do «elevadíssimo número de bombeiros mortos em 27 anos», ao todo 178, mais de metade faleceram em acidentes rodoviários.

Neste âmbito, Duarte Caldeira defendeu que as preocupações não se podem centrar nos incêndios florestais, sendo «urgente» reflectir sobre estes acidentes com ambulâncias e outro tipo de viaturas de bombeiros.

O dirigente da LBP afirmou que há que reflectir sobre «a selecção dos bombeiros que exercem esta função, sem a qual não existe actividade operacional», e na «necessidade de salvaguardar um modelo adequado de formação, quer no acesso a esta função, quer depois, de uma forma contínua e prolongada no tempo».

Na sua opinião, para conduzir um veículo prioritário «é preciso muito mais» do que ter carta de condução de ligeiros ou de pesados e experiência. Por isso, a LBP vai elaborar um plano de formação, mas na convicção de que não o poderá desenvolver sozinha.

«Nem a própria Autoridade Nacional de Protecção Civil o pode fazer sozinha, nem faz sentido», frisou, dando como exemplo a importância da ajuda de entidades como a Prevenção Rodoviária Portuguesa, cujo secretário-geral o contactou para disponibilizar ajuda e com o qual reunirá quarta-feira.

Duarte Caldeira realçou a importância de constituir uma parceria «aproveitando todas as sinergias e até recorrendo a escolas com vasta experiência neste domínio no que se refere à condução defensiva».

«O que é preciso é fazer qualquer coisa. Não podemos constatar estes números, que são brutais, sem fazer nada. Depois de analisar estes números, fico com uma sensação de que todos nós omitimos esta realidade, por desconhecimento ou talvez por descuido», acrescentou, alertando que «não há mais espaço para qualquer descuido».