Os dois suspeitos da morte do proprietário do veleiro «Intermezzo» planearam a sua actuação e sabiam o que «iam lá fazer», disse à Agência Lusa fonte ligada ao processo.
«Previram tudo. A morte não se terá dado ocasionalmente», disse a mesma fonte, sublinhando que houve «preparação», um «plano» e intenção, embora o móbil do crime esteja ainda por definir.
A fonte admite que intenção possa ter sido «roubar, extorquir ou outra coisa», tendo o resultado sido o homicídio do proprietário do «Intermezzo», um homem de origem francesa, de 67 anos.
Apesar de todo o planeamento que terá sido elaborado pelos dois detidos - Thierry e Corine -, «o plano não previa que o barco se virasse», disse a fonte.
Acrescentou ainda que a ideia seria largar o corpo da vítima longe da costa algarvia, já que se o fizessem perto de terra era possível que os corpos fossem apanhados nas redes dos arrastões que navegam naquelas águas.
Acerca do facto de os detidos afirmarem serem irmãos, a fonte admitiu que essa versão também tenha sido utilizada pelos suspeitos quando abordaram o proprietário do veleiro, pois isso «facilitava» algumas coisas, ao contrário de dizer, por exemplo, que ambos viviam maritalmente.
Quanto à confusão gerada em torno de se saber se os dois detidos são ou não irmãos de sangue, a fonte apontou o «teste do ADN» como a solução mais eficaz para determinar esse aspecto.
Os dois suspeitos, que se encontram em prisão preventiva, seguiram para o veleiro, estacionado ao largo da Ria Formosa, a meio da tarde de terça-feira no barco-táxi Taximar, confirmou à Lusa o tripulante desta embarcação.
De acordo com o tripulante, os suspeitos transportaram para bordo grandes quantidades de mantimentos e faziam-se acompanhar de uma mulher, que também falava francês e aparentava ter cerca de 40 anos de idade.
Segundo a fonte ligada ao processo, os dois alegados homicidas estavam já há alguns dias a fazer uma volta pelo Algarve, numa viatura própria, quando conheceram André le Floch, que os terá convidado para um passeio de barco.
André era um engenheiro, ex-funcionário público francês reformado, que cumpria o sonho da sua vida dando uma volta pelo Atlântico, disse a mesma fonte.
Na terça-feira, dia 15 de Agosto, os três passageiros percorreram em 10 minutos as cerca de duas milhas que separam o cais comercial de Olhão do Recolfo da Barra Velha, próximo da ilha da Armona, em que se encontrava fundeado o «Intermezzo», disse à Lusa o tripulante do Taximar.
De acordo com João Manuel, a bordo do trimarã estava o proprietário - e «mais três ou quatro pessoas» -, que veio receber os três visitantes.
Depois de terem pago o transporte, os três fizeram o transbordo para o veleiro «Intermezzo», ajudados pelo proprietário, descreveu o taxista, que reconheceu os dois suspeitos na foto de um jornal que lhe foi mostrado pelo repórter da Lusa.
Homicídio: suspeitos tinham plano
- Portugal Diário
- 23 ago 2006, 22:11
Intenção podia ter sido «roubar», mas esquema resultou na morte do proprietário do «Intermezzo», diz a PJ. Casal queria largar corpo longe da costa algarvia. Plano não contou com tempestade que virou o barco
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