Face Oculta: escutas nos jornais são «ridículas» - TVI

Face Oculta: escutas nos jornais são «ridículas»

Face Oculta: Armando Vara

Advogado de Armando Vara lembra que arguido viu recusado o pedido de levantamento do segredo de justiça

O advogado de Armando Vara considerou, esta sexta-feira, «ridículo» que surjam nos jornais transcrições de despachos que constam do processo Face Oculta, quando o próprio arguido viu recusado o pedido de levantamento do segredo de justiça, escreve a Lusa.

«Não podemos deixar de soltar uma gargalhada, porque toda a gente vê escarrapachado aqui despachos na íntegra que estão no processo, supostamente em segredo de Justiça, e depois referencias manifestas a autos, inclusivamente a peças que deveriam estar destruídas», refere o advogado, adiantando que «roça um pouco o ridículo dizer que depois de tudo isto o dr. Armando Vara não pode ainda falar abertamente dos factos que lhe são imputados».

As escutas proibidas

Tiago Rodrigues Bastos falava à Lusa no dia em que o semanário «Sol» transcreve extratos do despacho do juiz de Aveiro em que este considera haver «indícios muito fortes da existência de um plano», envolvendo o primeiro-ministro, José Sócrates, para controlar a estação de televisão TVI e afastar Manuela Moura Guedes e José Eduardo Moniz. Do despacho constam transcrições de escutas telefónicas envolvendo Armando Vara, então administrador do BCP, Paulo Penedos, assessor da PT, e Rui Pedro Soares, administrador executivo da PT.

O advogado de Armando Vara disse à Lusa que o Tribunal de Aveiro recusou o pedido de levantamento do segredo de Justiça, no caso Face Oculta, pedido pelo seu cliente em dezembro passado. Perante este despacho, o advogado do actual consultor do BCP manifestou uma «enorme deceção e estupefação».

«Depois da violação sistemática do segredo de Justiça e dos jornais publicarem tudo e mais alguma coisa sobre a matéria, admitíamos que a decisão pudesse ser outra», adiantou.

Na base da decisão do Tribunal de Aveiro, segundo Tiago Rodrigues Bastos, está o argumento de que «não é necessário o levantamento do segredo de Justiça para a defesa do bom nome do arguido e que este tem outros mecanismos para se defender».

O tribunal argumentou também que «a Lei não permite um levantamento parcial do segredo de Justiça e, uma vez que houve outros arguidos que se manifestaram contra esse levantamento, não haveria possibilidade de o levantar só na matéria que dissesse respeito ao dr. Armando Vara».

Tiago Rodrigues Bastos considera que esta decisão «só contribui para levantar suspeitas que não dignificam ninguém nesta matéria» e questiona: «que segredo de Justiça é este?».

A defesa de Armando Vara aguarda ainda pela decisão ao recurso das medidas de coação decretadas ao arguido e espera que essa decisão «venha equilibrar de alguma forma esta situação que começa a ser difícil de compreender».

«Desejamos rapidamente que os autos possam ser abertos para que as coisas sejam melhor compreendidas», concluiu o advogado do ex-ministro socialista.
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