Quadro de Duarte Lima teve autorização para sair de Portugal - TVI

Quadro de Duarte Lima teve autorização para sair de Portugal

Duarte Lima (Lusa)

Parecer dado pelo Museu Nacional de Arte Antiga, em 2010, refere que “a obra não tem relevante interesse para o património nacional, não vendo inconveniente da sua expedição definitiva”

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O quadro “The wedding procession”, de Brueghel, o Jovem, datado de 1627, que pertencia ao ex-deputado Duarte Lima, teve autorização de saída definitiva do país, em janeiro de 2010, disse à Lusa fonte da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Segundo a mesma fonte, a emissão de autorização de saída para o Reino Unido é datada de 18 de janeiro de 2010, e contou com o parecer do Museu Nacional de Arte Antiga, que considerou a obra sem relevância para o património nacional.

O parecer dado pelo museu, segundo a DGPC, afirma: “A obra não tem relevante interesse para o património nacional, não vendo inconveniente da sua expedição definitiva”.


A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) afirmou à Lusa que, no total, foram autorizados a sair do país três quadros de Pieter Brueghel, o Jovem, tendo as duas primeiras autorizações sido dadas a 9 de setembro de 2009.


Duarte Lima: procedimentos com quadro dentro da "legalidade"

O quadro de Pieter Brueghel, o Jovem
, foi vendido por dois milhões de euros, por Duarte Lima, para este abater uma dívida à Parvalorem, ligada ao antigo Banco Português de Negócios (ex-BPN), segundo disse à Lusa fonte ligada ao processo. 

O ex-líder parlamentar do PSD aceitou um acordo para realizar uma venda direta, através da Sotheby’s, a uma galeria suíça, por 2,024 milhões de euros, segundo um documento assinado por Duarte Lima, a que a agência Lusa teve acesso.

O quadro foi vendido em abril último à Galeria De Jonckheere, em Genebra, na Suíça, depois de ter sido apreendido em Londres pelo Ministério Público (MP), através do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

O advogado, no entanto, em declarações à Lusa, refutou que o quadro tenha sido apreendido em Londres: "O quadro é da minha propriedade, esteve sempre na minha disponibilidade, e resultou de um acordo entre mim e a Parvalorem para liquidar a dívida".


Duarte Lima disse ainda que a transação do quadro de Brueghel, o Jovem, "foi toda feita dentro da legalidade" - na altura, dirigira o pedido ao Instituto dos Museus e da Conservação (na atual Direção-Geral do Património Cultural), entidade que "deu o aval por considerar que o quadro era importante, mas não relevante para o património histórico cultural nacional".

O antigo dirigente do PSD estava a ser investigado pela justiça portuguesa, no âmbito do processo "Homeland", sobre a aquisição de terrenos em Oeiras, e tinha uma dívida de cerca seis milhões de euros ao ex-BPN.


Parvalorem "sabe da existência de mais quadros"

O presidente da Parvalorem, criada em 2010, como sociedade de capitais públicos, para gerir os ativos e recuperar os créditos do ex-BPN, disse à agência Lusa, que sabe “da existência de mais quadros” de Duarte Lima, desconhecendo porém o seu paradeiro: "A empresa sabe da existência de mais quadros além do que foi vendido, mas desconhece a sua localização”, afirmou.


Nogueira Leite, que preside a sociedade, realçou que, “naturalmente, o património que for identificado e encontrado em nome do devedor [Duarte Lima] será afeto à liquidação das suas responsabilidades”.


A apreensão do quadro a óleo, na Sotheby's, em Londres, foi comunicada pelo MP à Parvalorem, criada em 2010, tal como a Parups, como sociedades de capitais públicos, para gerir os ativos e recuperar os créditos do ex-BPN.

Em conjunto, as duas empresas detêm também a polémica coleção de 85 obras de Joan Miró (1893 -1983) - cujo processo aguarda decisão judicial - e mais 247 obras de arte de artistas portugueses e estrangeiros, parte delas em processo de venda ao Estado.

 
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