Casa Pia: provas «escondidas» - TVI

Casa Pia: provas «escondidas»

Carlos Cruz à chegada ao Tribunal de Monsanto

Defesa de Carlos Cruz referiu «um importante elemento de prova» que descobriu há dois meses: a listagem das chamadas do telemóvel e Bibi

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Actualizado às 14:35

A defesa de Carlos Cruz prosseguiu, esta terça-feira, as suas alegações finais no processo da Casa Pia. Ricardo Sá Fernandes insinuou, a dada altura, que «algumas provas documentais» estavam escondidas no processo, já que «desconhecia a sua existência».

«Só percebi que constava do processo» uma listagem das chamadas do telemóvel de Carlos Silvino e as antenas que a sua localização fazia accionar, «há cerca de dois meses». Com dados relativos aos anos compreendidos entre 1999 e 2001, após analisar o documento, o advogado garantiu que se «Bibi andava por Elvas, não usava o seu telefone».

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Segundo explicou em tribunal, «o importante elemento de prova» foi descoberto numa disquete, dentro de um caixote com muitos envelopes. «Era o envelope 25», afirmou acrescentando que só «ao fim de muitas horas» percebeu a quem pertenciam aqueles dados.

A magistrada que preside ao colectivo de juízes, Ana Peres, respondeu ao advogado e ressalvou que todos os envelopes estavam «guardados e identificados com o número de telefone a que correspondiam os dados». Ou seja, «constavam do processo». Não estando, por isso, escondidos.

Hora e meia de Lisboa ao Algarve

Ricardo Sá Fernandes recordou algumas datas referidas na acusação e «localizou» Carlos Cruz, a sua mulher Raquel Cruz e, ainda, Bibi. Nenhum estaria em Elvas nos referidos dias.

No resumo apresentado pela defesa, sobre o paradeiro do ex-apresentador, nas datas da pronúncia, foi possível reparar que, em várias ocasiões, Carlos Cruz apenas demorou uma hora e meia entre Lisboa e Algarve, segundo os registos das vias verdes e do multibanco.

Silvino «não corroborou» depoimento de jovens

Grande parte da manhã foi passada a «desmontar» a ideia de que Carlos Silvino teria «corroborado» as acusações feitas pelos jovens. Uma ideia «transmitida pelo advogado de Bibi, pelo Ministério Público e comunicação social» ao país.

«Criou-se ao longo dos últimos anos a ilusão de que Silvino corroborava» o que os miúdos contavam, mas não passou de um «equívoco». Em seguida, o advogado, enumerou as principais contradições: «Bibi diz que só dava boleia aos rapazes, que nunca angariou miúdos para uma rede e que nunca recebia dinheiro». Ou seja, para a defesa de Carlos Cruz, quando Silvino sustenta que não cometeu crimes de lenocínio assume que «o que os jovens lhe imputam é falso». Logo: «Não corrobora».

Ricardo Sá Fernandes diz mesmo que esta é mesmo «uma situação particular» porque «o arguido diz uma coisa e o advogado diz outra». Para o advogado, o facto de Silvino ter confessado os abusos e identificado os seus co-arguidos como estando nos locais referidos pelos jovens, não deve ser valorizado.

«Pecados mortais» da investigação

Para a defesa de Cruz a «pseudo investigação» cometeu «dez pecados mortais» que ajudaram à «inquinação da prova». Referiu, por exemplo, o álbum de fotografias criado só com imagens de pessoas conhecidas. O «escamoteamento de dados», já que os assistentes disseram ter feito desenhos, «mas estes não estão no processo».

Para Sá Fernandes outro dos «pecados mortais» foi «a promiscuidade dos investigadores com a comunicação social» e a sua «troca de informação e favores». Mas o pecado mais grave terá sido a «indiferença quanto à investigação do local do crime». Sá Fernandes acusou a PJ de não procurado pessoas nessas zonas que confirmassem os relatos dos jovens.
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