Água para consumo humano de Sines pode estar contaminada - TVI

Água para consumo humano de Sines pode estar contaminada

Água

Alerta foi deixado pelo deputado municipal comunista Helder Guerreiro

O deputado municipal comunista Helder Guerreiro alertou esta segunda-feira para o risco de contaminação industrial dos aquíferos de Sines, lamentando que o executivo camarário privilegie «obras de fachada» em detrimento da alteração dos furos de água.

O autarca lembrou à Lusa o incidente que ocorreu no final de 2008, em que as captações de água nos furos geridos pela autarquia foram suspensas durante alguns dias, devido à descoberta de deposições de resíduos de hidrocarbonetos e consequente contaminação dos solos junto à Repsol Polímeros, na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), com possibilidade de contaminação do aquífero mais próximo.

Na sequência desta situação, contou Helder Guerreiro, «houve um estudo encomendado pela câmara cuja conclusão foi que aquelas captações são passíveis de ser contaminadas e têm de ser mudadas de sítio».

Segundo o deputado municipal, que é também candidato da CDU à presidência da Câmara Municipal de Sines, «as captações sofreriam menor risco de contaminação» a sul da lagoa da Sancha.

O estudo indicou ainda que as análises aos aquíferos não eram feitas com a regularidade necessária, podendo haver contaminação no período compreendido entre duas pesquisas, referiu o autarca.

Helder Guerreiro lamentou, por isso, que o executivo municipal, liderado por Manuel Coelho e eleito por um movimento independente, tenha optado por fazer a obra de requalificação da avenida Vasco da Gama, com um custo superior a cinco milhões de euros, integrada no Programa de Regeneração Urbana de Sines, intervenção com um valor total que ultrapassa os dez milhões de euros, comparticipado em cerca de 85% por fundos comunitários.

«Isto mostra, para nós, uma clara opção pelas obras de fachada em detrimento das obras estruturantes», afirmou o autarca comunista, defendendo que, «com o mesmo dinheiro», a autarquia poderia resolver «a questão» das captações de água municipais.

Contactada pela Lusa, a vereadora da câmara com o pelouro do Ambiente, Cármen Francisco, afirmou que «não há estudo nenhum que recomende coisa nenhuma».

O estudo foi, de acordo com a autarca, encomendado pela Câmara Municipal de Sines para encontrar «alternativas» às captações atuais, uma vez que não está salvaguardado o «perímetro de proteção» exigido por lei relativamente ao complexo industrial.

No entanto, sublinhou a vereadora independente, as captações já existiam previamente à implantação das indústrias em Sines e as análises regulares «garantem» a qualidade da água, pelo que não existe «urgência» na alteração do local dos furos.

Cármen Francisco evidenciou que a origem da situação que ocorreu há cerca de quatro anos «não chegou a ser identificada», podendo até, segundo peritos, ter-se tratado de um fenómeno «natural», e que as análises revelaram «valores detetáveis» de hidrocarbonetos na água, mas que «nunca representaram perigo para a saúde pública».

A Câmara de Sines tem identificadas localizações para novos furos e está já feito o projeto da obra, que representa um investimento de 1,2 milhões de euros, mas esta só avançará se uma candidatura a fundos comunitários for aprovada, até porque o executivo municipal defende que os custos deveriam ficar a cargo do Estado português ou das indústrias, revelou a vereadora.
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