Praxes: mãe espera há 12 anos por saber quem matou o filho - TVI

Praxes: mãe espera há 12 anos por saber quem matou o filho

Buscas na praia do Meco (Lusa)

Diogo de 22 anos, aluno da Universidade Lusíada de Famalicão, morreu em 2001, após uma praxe da tuna académica

Diogo 22 anos, aluno do 4º ano de arquitetura, estudava na Universidade Lusíada de Famalicão e pertencia, desde o primeiro ano, à tuna académica. Após um noite de praxe na Tuna, sentiu-se mal e foi levado para o hospital. Morreu sete dias depois. Maria Macedo, mãe do jovem, ainda não sabe o que aconteceu naquela noite, nem quem foi responsável pela morte do filho. Em entrevista ao «Diário de Notícias», Maria incentiva os pais das vítimas do Meco a não desistirem de saber a verdade.

Na noite da sua morte, Diogo terá sido convocado para um ensaio, quando já estava em casa de pijama e não era suposto sair. Suspeita-se que durante o ensaio da tuna, Diogo tenha sido obrigado a fazer flexões, enquanto um veterano lhe batia, com uma revista, na zona entre os ombros e o pescoço. Sentiu-se mal e foi levado para o Hospital de Famalicão. Acabou transferido para o hospital de São João, no Porto, e morreu sete dias depois. Terá tido um derrame cerebral.

O caso seguiu para tribunal e, no ano passado, o Supremo Tribunal de Justiça, condenou a Universidade Lusíada a pagar 91 mil euros à mãe do jovem por ter «violado o seu dever de vigilância» da praxe. Mas mais ninguém foi acusado de nada e o pacto de silêncio, entre os jovens da tuna, foi um muro intransponível para a descoberta da verdade. O marido morreu dois anos depois do filho, está sozinha, esta indemnização acaba por lhe garantir alguma estabilidade para o futuro.

«Nós, pais, pagamos o passaporte para a morte dos nossos filhos», desabafa Maria Macedo para quem as universidades têm responsabilidades. «Eles só veem números, não veem a parte humana». Esta mãe não tem dúvidas que, no caso do Meco, está a acontecer o que aconteceu no seu. «Lutem para que se faça justiça. Responsabilizem a faculdade», aconselha aos país dos seis jovens da Lusófona. Mas deixa um aviso: «não será fácil. Até porque vê-se que a faculdade está a cozinhar com os alunos. O mesmo que me fizeram a mim. Exatamente igual».

Aliás, a tragédia da praia do Meco é «um reviver de um filme que passa todos os dias pela minha cabeça», confessa Maria Macedo. Apesar de tudo, tem fé que um dia, alguém confesse o que aconteceu naquela noite. Falta-lhe a verdade para amenizar a dor que não desaparece. Contactou os pais dos seis jovens falecidos e ofereceu-se para os apoiar no que precisassem. Falar, diz Maria Macedo, é importante por que «o seu filho foi o primeiro mais grave» e, desde então, «nada mudou».
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