Solitário: «Cadeia de Monsanto é como Guantanamo» - TVI

Solitário: «Cadeia de Monsanto é como Guantanamo»

  • Portugal Diário
  • 14 jan 2008, 08:25
«Solitário» à saída do tribunal (foto Sérgio Azenha/Lusa)

Acusa guardas de agressões e vai apresentar queixa contra Portugal

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O assaltante de bancos espanhol «Solitário», detido em Monsanto desde Julho, denunciou alegadas violações dos direitos humanos na cadeia, que comparou a Guantanamo, em entrevistas publicadas esta segunda-feira em jornais espanhóis e portugueses.

«[A prisão de] Monsanto é a Guantanamo de Portugal. Aqui não se respeitam os direitos humanos», denunciou Jaime Giménez Arbe, de 51 anos, ao jornalista espanhol Matias Antólin, que publica esta segunda-feira o resultado das conversas com o detido em 14 jornais espanhóis com os quais colabora e cujos excertos são divulgados em Portugal pelo Diário de Notícias.

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«Solitário», o assaltante mais procurado de Espanha, detido em Julho na Figueira da Foz quando se preparava para realizar mais um assalto a um banco, fala também de agressões aos detidos e acusa os guardas prisionais de abrirem «clandestinamente» a correspondência e se apropriarem do dinheiro que está nos envelopes.

«Sequestro e incomunicação»

«Quando querem anular-nos psicologicamente obrigam-nos a despir e chegam, inclusivamente, a tocar-nos nas partes nobres», acusou Jaime Giménez Arbe, acrescentando que é proibido receber chamadas e só é possível realizar dois telefonemas semanais de cinco minutos para «familiares previamente comprovados e fiscalizados pela direcção da prisão».

Queixa-se ainda de ter apenas um hora no pátio e de alta segurança significar, na prática, «sequestro e incomunicação», já que segundo afirma nem as comissões de direitos humanos que visitam Monsanto têm autorização para falar com os prisioneiros.

Por tudo isto, adianta que se prepara para apresentar queixa contra o Estado português por maus tratos.

Apontado como autor de 36 assaltos, «Solitário» é acusado apenas em quatro processos efectivos de roubo em Espanha e Portugal. Sobre ele pendem ainda acusações de homicídio de dois guardas civis em Junho de 2004.

No início desta semana deverá partir para Espanha, onde tem audiência marcada no dia 17 no Tribunal de Tudela, Navarra.

O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) aceitou um pedido de entrega temporária de Jaime Gimenez Arbe ao tribunal de Tudela, por um período de dois meses «para aí se realizar a instrução de um processo pendente» contra «El solitário», que era procurado pelas autoridades espanholas por assaltos a bancos e crimes de homicídios.

Desta forma, «El Solitário» deverá ser transferido, durante dois meses, para Navarra, regressando posteriormente a Portugal.

O seu pedido de extradição para Espanha foi diferido em Setembro pelo Tribunal da Relação de Lisboa, mas a sua entrega às autoridades espanholas está suspensa até que seja julgado em Portugal pelos crimes de que está indiciado.
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