Não percam «a alma quando emigrarem», apela arcebispo - TVI

Não percam «a alma quando emigrarem», apela arcebispo

Peregrinação de emigrantes em Fátima

Arcebispo do Luxemburgo deixa apelo aos emigrantes portugueses

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O arcebispo do Luxemburgo, Jean-Claude Hollerich, apelou esta terça-feira aos portugueses para «não perderem a alma» quando emigrarem, mas a fazer dela fonte para se aproximarem de Deus, inspirando-se no exemplo dos Pastorinhos de Fátima.

Durante os dois dias da peregrinação, a esperança, as oportunidades de evangelização e a necessidade de auxílio à nova geração de emigrantes que estão a sair do país devido à crise constaram da mensagem da Igreja Católica na Cova de Iria.

Na segunda-feira, o arcebispo já tinha alertado para a marginalização dos portugueses no Grão-Ducado do Luxemburgo.

Hoje, Jean-Claude Hollerich sustentou que Nossa Senhora de Fátima convida os católicos «à conversão e à mudança» no «seio das famílias», lembrando que só desta forma «a pobreza se transforma em riqueza», na exigência do sacrifício.

«Queridos amigos portugueses, deixai-vos tocar pela simplicidade dos Pastorinhos de Fátima. Não percais a vossa alma na emigração, mas fazei dela fonte de uma nova proximidade com Deus», salientou o prelado durante a homilia da missa que encerrou a peregrinação internacional de agosto à qual presidiu.

Perante milhares de pessoas que se concentraram no recinto do santuário da Cova de Iria, o arcebispo do Grão-Ducado recordou que é «nas alturas mais difíceis» que mais se evoca a figura de Nossa Senhora.

Afinal, sublinhou, «ela encontra-se aqui em Fátima, está connosco e dá-nos os conselhos de que mais precisamos», assumindo-se como «a mãe da consoladora» tal como «é invocada no Luxemburgo: consoladora dos aflitos».

Na homilia, Jean-Claude Hollerich aproveitou ainda para pedir a Nossa senhora de Fátima para rogar pelos peregrinos, por Portugal e pela Europa.

Em Fátima prossegue até ao dia 18, a 41.ª Semana Nacional das Migrações, este ano com o lema «Migrações: Peregrinação de Fé e Esperança», promovida pela Obra Católica Portuguesa das Migrações, organismo da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.

Peregrinos queixam-se de missas cansativas e homilias confusas

Alguns dos peregrinos que marcam presença no último dia da peregrinação internacional de agosto queixaram-se hoje à Lusa das missas cansativas e das homilias confusas que têm lugar no Santuário de Fátima.

«Deviam ser mais explicadas e demorar menos tempo porque, muitas vezes, causam saturação e saímos tristes, sem ouvir as palavras que estávamos à espera», sustenta Maria Vitória, que possui um estabelecimento hoteleiro em Fátima e é presença assídua no recinto.

«Está o mundo à espera de uma palavra, de uma força de fé que venha da homilia, vejo pessoas à espera desse bocadinho e é em vão porque são poucos aqueles que sabem transmitir ao mundo aquilo que se passa», acrescenta a católica de 80 anos, sentada no meio do recinto, protegida do sol com um chapéu-de-chuva.

António Amorim, peregrino que veio de Espinho, salienta que a viagem a Fátima vale por si só, mas admite que vê «nas caras dos novos emigrantes algum desinteresse porque ouviram falar de Fátima, mas depois vão-se embora sem ouvir aquilo que pretendiam».

O ex-emigrante de 71 anos confessa que apesar do gosto que tem na peregrinação à Cova de Iria, às vezes também tem «pena de não ter percebido tão bem a homilia» ou pelo facto de a celebração «ter sido tão cansativa».

Protegida pela sombra, Paula Machado alerta para o facto de as homilias serem sempre diferentes, até porque «são feitas por diferentes pessoas», pelo que cada caso é um caso, mas admite que «a Igreja [Católica] cansa muito os peregrinos».

A peregrina vem de Guimarães a Fátima habitualmente no mês de agosto, explica que vem por gosto, mas adverte que «as pessoas podem gostar muito de uma comida, mas se comerem sempre a mesma isso cansa».

A verdade, realça, é que a celebração, diz, que tem lugar nos dias 12 «são muito longas e às vezes as pessoas já não estão a ouvir, já estão ausentes porque é muito cansativa».
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