Comerciantes do Parque Mayer duvidam da recuperação - TVI

Comerciantes do Parque Mayer duvidam da recuperação

Parque Mayer (imagem cedida pela CDU)

Afastamento do projecto de Frank Ghery e o imbróglio BragaParques atrasam o requalificação

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Os comerciantes do Parque Mayer ainda continuam com dúvidas em relação à anunciada recuperação do espaço, no dia em que a Câmara Municipal de Lisboa deverá aprovar a reabilitação do edifício do Capitólio.

«Enquanto não resolverem quem é o proprietário do Parque Mayer não estou a ver nada a avançar. Já me custa a acreditar na recuperação deste espaço», disse à Lusa Júlio Calçada, proprietário do restaurante «O Manel».

O comerciante referia-se ao processo que decorre em tribunal da permuta de terrenos do Parque Mayer e da Feira Popular entre a autarquia e a Bragaparques.

Também Manuela Fernandes, do restaurante «O da Manecas», duvida que as coisas mudem tão cedo.

«Não estou a ver o teatro entrar em obras. Será mais um presidente que disse que ia resolver as coisas e fica tudo na mesma. Mas se a recuperação do Capitólio vier resolver os problemas dos comerciantes fico feliz», partilhou com a Lusa.

«Passaram três presidências de câmara e quatro presidentes e não se resolve nada. Resolve-se tudo em Lisboa, menos a situação do Parque Mayer», reforçou.

Reabilitação do edifício do Capitólio é a esperança

O presidente da junta de freguesia de São José, João Mesquita, partilha o desânimo dos comerciantes.

«Neste momento tenho grandes dúvidas sobre o futuro do Parque do Mayer. Passou muito tempo. É um processo que não tem sido célere», afirmou. No entanto, o autarca acredita que a reabilitação do Capitólio «vai ser alavanca para o resto do processo».

«Poderá ser o início, mas não é a melhor solução. O plano do arquitecto Frank Ghery era a melhor opção», referiu.

O flop do projecto de Frank Ghery e o imbróglio BragaParques

O projecto de reabilitação do Parque Mayer da autoria de Frank Ghery (aprovado pelo executivo camarário presidido por Carmona Rodrigues a 04 de Fevereiro de 2006) contemplava a edificação de cerca de 30 mil m2 destinados a habitação e serviços e ainda cerca de 18 mil m2 repartidos por um anfiteatro, três teatros, uma escola de Jazz e seis salas de ensaio e ainda um centro de exposições.

O projecto de Frank Ghery foi entretanto afastado pela actual presidência da autarquia.

A recuperação do edifício do Capitólio será a âncora do reabilitado Parque Mayer e custará 10 milhões de euros, provenientes das contrapartidas do Casino Lisboa.

O teatro deverá tornar-se um espaço para várias artes de palco funcionando como o centro da reabilitação do Parque Mayer, cujo plano de pormenor foi sujeito a um concurso de ideias e que se encontra em debate público.

Em 2005, a Câmara Municipal de Lisboa comprou o Parque Mayer à Bragaparques - que tinha comprado o espaço por 11 milhões de euros - por 54 milhões de euros, cedendo metade dos terrenos da Feira Popular à empresa, que comprou o restante espaço da Feira por 62 milhões numa hasta pública em que invocou o direito de preferência.

Segundo o Ministério Público, a Bragaparques exerceu indevidamente aquele direito, pelo que devia ter pago 1,1 milhões de euros à autarquia.

Depois de ter mudado de posição, a Câmara de Lisboa defende agora em tribunal a nulidade do negócio, alegando que a operação de loteamento que a antecedeu violou o Plano Director Municipal (PDM).

A factura do negócio de permuta de terrenos do Parque Mayer e da Feira Popular já custou à autarquia dezenas de milhões de euros, entre taxas que ficaram por receber, investimento em projectos e indemnizações.
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