Criminoso americano era «simpático», dizem vizinhos - TVI

Criminoso americano era «simpático», dizem vizinhos

Juiz da Relação pediu relatório à Segurança Social sobre George Wright

Durante mais de duas décadas, George Wright, 68 anos, um dos criminosos mais procurados nos EUA, disfarçou a sua identidade com um nome bem português - José Luís Jorge dos Santos. Viveu cerca de vinte anos na aldeia de Casas Novas, em Colares, Sintra e a vizinhança considerava-o «simpático», noticia a agência Lusa.

Conhecido por ser «trabalhador» e «um bom vizinho», o norte-americano vivia naquela localidade com a mulher portuguesa, «filha de um general», e com os dois filhos, de 24 e 26 anos. À porta, uma caixa do correio com a inscrição «US Mail», denunciava a sua nacionalidade.

«Só tenho a dizer bem dele desde que veio para cá. Ele é tão boa pessoa e é muito estranha esta história. Era pintor (da construção civil) e já teve um restaurante em Alcabideche», disse o vizinho Vítor Louçada à agência noticiosa.

Segundo Adelaide Rosa, moradora do local há 33 anos, a casa era visitada «por muita gente» e a família era «muito simpática», opinião partilhada também pela moradora Fernanda Tavares, que realça as suas qualidades de de «grande pintor».

A agência Lusa tentou ainda falar com a mulher de George Wright, Maria do Rosário Valente, que adiantou: «Não tenho nada a dizer, quando tiver será através do meu advogado».

Juiz da Relação pediu relatório à Segurança Social sobre George Wright



Um juiz do Tribunal da Relação de Lisboa recusou o pedido da advogada do cidadão norte-americano George Wright para que este não ficasse em prisão preventiva, mas pediu um relatório à Segurança Social.

Fonte judicial explicou à Lusa que o relatório servirá para avaliar as condições sócio-económicas do fugitivo que casou em território nacional.

A advogada pediu na terça-feira que George Wright, procurado há 41 anos pelas autoridades norte-americanas por homicídio, aguardasse o desenrolar do processo de extradição em liberdade provisória, mas o juiz da Relação que apreciou o caso negou provimento.

Portugal e os Estados Unidos têm um acordo de extradição, mas isso não impede que os arguidos possam contestar a sua transferência. A pena máxima de prisão em Portugal é de 25 anos e no Estado de Nova Jérsia, onde Wright cometeu o homicídio pelo qual está condenado, vai até à prisão perpétua.

Fugitivo deixou o FBI em fato de banho



George Wright participou num dos mais dramáticos sequestros de aviões nos EUA nos anos 1970, que teve repercussões políticas importantes. Nos Estados Unidos, o desvio do voo 841 da Delta Airlines, em 1972, ficou marcado pelas imagens de um agente do FBI (polícia federal) a dirigir-se para o avião na pista do aeroporto de Miami, vestido apenas com um fato de banho, e carregando um saco de dinheiro.

O jornal «New York Daily News» escreve esta quarta-feira que a «humilhação» do «incidente do fato de banho» contribuiu para que o FBI prosseguisse a sua busca por Wright, mesmo ao fim de quase quatro décadas.

A 31 de Julho de 1972, Wright entrou num avião que seguia de Detroit (norte dos EUA) para Miami (sudeste) vestido de padre. Levava uma bíblia - dentro da qual escondia uma arma.

Wright e os seus cúmplices assumiram controlo do avião, tomando como reféns 88 passageiros, e exigiram o pagamento de um resgate de um milhão de dólares (o maior de sempre na altura num caso de pirataria aérea).

Nos relatos da época da imprensa norte-americana, o número de cúmplices de Wright varia. Segundo a agência Associated Press o grupo incluía dois ou três outros homens, mais duas mulheres e ainda três crianças.

Certo é que as exigências dos raptores foram atendidas: um agente do FBI, só com um fato de banho vestido (para não poder ocultar armas), entregou o resgate. O avião seguiu para Boston, onde foi reabastecido, partindo para a Argélia, onde foram recebidos em Argel por Eldridge Cleaver, com ligações aos Panteras Negras, movimento radical negro norte-americano.
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