Máfia italiana passa por Portugal

O jornalista Roberto Saviano crê que Portugal continua a ser um local de passagem para negócios «com capital facturado pelo crime» da máfia italiana, como o narcotráfico, vestuário e restauração, embora a polícia esteja «mais atenta» aos traficantes, noticia a agência Lusa.

Questionado, em declarações telefónicas à Agência Lusa, se a Camorra, sobre cujos negócios escreveu um livro que será lançado em Portugal na quinta-feira, tem «ramificações» no País, responde que este continua a ser um local de «passagem» para os negócios da mafia italiana.

Narcotráfico, vestuário e restauração são apontadas pelo jornalista italiano como as áreas-negócio com «capital facturado pelo crime».

Apesar de considerar que a polícia, «ultimamente, está mais atenta ao narcotráfico», Roberto Saviano critica a falta de uma «estrutura anti-máfia» em Portugal e da actuação dos sucessivos governos.

«Consideram um problema italiano exportado para Portugal, que ainda não mata gente nem faz danos», sustenta.

Segundo o autor de «Gomorra», que cita dados das autoridades italianas, a mafia matou, nos últimos 30 anos, no Sul de Itália, dez mil pessoas, das quais quatro mil são imputadas à Camorra.

Por ano, refere ainda Roberto Saviano, a mafia italiana factura 850 mil milhões de euros. Só a Camorra arrecada mais de cem mil milhões de euros em negócios «legais e ilegais» que ultrapassam as fronteiras de Nápoles. «Têm como destino a Europa, América, Ásia», precisa o autor, que integra grupos de estudo sobre a Camorra e a ilegalidade.