Açores: gravidez na adolescência no dobro da média nacional

O Governo Regional dos Açores admitiu esta terça-feira a necessidade de organizar melhor os meios existentes para combater a gravidez na adolescência, que representa 10,2 por cento dos nascimentos nas nove ilhas do arquipélago, o dobro da média nacional, refere a Lusa.

«Os meios que temos no terreno creio que são suficientes, mas podemos organizá-los de outra forma, no sentido de identificar melhor esta problemática», afirmou Miguel Correia, secretário regional da Saúde.

Miguel Correia defendeu, no entanto, que o combate contra a gravidez na adolescência deve resultar de um trabalho conjunto entre as áreas da Educação, Saúde e Acção Social.

Um estudo sobre gravidez na adolescência, encomendado pelo Governo Regional à Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra, revelou que 10,2 por cento dos bebés nascidos nos Açores são filhos de mães adolescentes, valor que representa o dobro da média registada a nível nacional.

O trabalho, cujos resultados foram divulgados esta semana num seminário realizado na ilha Terceira, revela que o fenómeno resulta de questões culturais, atribuindo a percentagem elevada a razões socioeconómicas específicas da realidade açoriana.

«Este estudo demonstra basicamente que temos uma especificidade regional. A maior parte das gravidezes na adolescência no continente ocorrem em situações em que não há ainda a constituição de família e aqui nos Açores a grande maioria das jovens engravidam no fim da adolescência, já numa situação em que estão casadas ou a viver em comum», disse Miguel Correia.

As conclusões do estudo indicam que a gestação é bem aceite e ocorre no contexto de um relacionamento estável, superior a um ano, com companheiros mais velhos, estando ambos fora do sistema de ensino e formação.

Segundo Miguel Correia, o executivo açoriano tem estado atento a esta problemática e os serviços estão organizados de forma a dar um melhor apoio às grávidas adolescentes, através das consultas de planeamento e informação sobre os meios contraceptivos, que são distribuídos gratuitamente nos centros de saúde.

A recomendação para a realização deste estudo foi aprovada pelo Parlamento Regional na sequência dos números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que apontavam aos Açores como a região do país com maior incidência de casos desde 1984.