Gravidez na adolescência como projecto de vida - TVI

Gravidez na adolescência como projecto de vida

Joana tinha o sonho de ser mãe. Decidiu sozinha sem avisar o namorado. Agora que o bebé está a caminho, enfrenta com medo o futuro

Joana (18 anos) e Fábio (19) esperam o nascimento do filho para Agosto. Quando lhes perguntam se a gravidez foi planeada, a resposta é diferente. Fábio já tem um filho de três anos de uma relação anterior, diz que «estava fora de questão voltar a ser pai». «Da primeira vez, quando soube, ela já estava de seis meses, não havia nada a fazer», explica Fábio. E desta vez, também não porque Joana decidiu sozinha. Retirou o implante anticoncepcional porque queria ser mãe. Fábio só soube semanas depois.

Veja o vídeo e a reportagem com outras mães adolescentes

A mãe e o padrasto de Joana não reagiram bem à notícia da gravidez, queriam que ela abortasse e avisaram-na das dificuldades que se avizinhariam caso decidisse ter a criança. «A minha mãe também foi mãe aos 18 anos. Começou a dizer que a vida não está fácil, que eu um dia ia precisar de dinheiro para comprar as coisas para o meu filho e não ia ter», explica Joana, «mas não é por ela ter passado dificuldades que eu também passarei».

Joana e Fábio não deram ouvidos à família e decidiram ter a criança. «Fomos nós que o fizemos, nós é que tínhamos que decidir», diz Fábio, embora nenhum dos dois saiba muito bem como vão resolver as questões financeiras. Fábio e Joana não trabalham, moram em casa do pai dele e a mãe dela «compra algumas coisas» para lhes dar.

Até o apoio que Fábio dá ao filho de três anos é pago pelo pai dele. «Tenho que arranjar trabalho», diz. «Quero mudar a minha vida, quero sair de casa dos meus pais¿» Joana tem a mesma posição. «Eu não queria que fosse a minha mãe a sustentar-me. Nem a minha mãe nem ninguém».

Por isso, e apesar de a decisão ter sido sua, Joana diz que «se pudesse voltava atrás». «Tenho medo. Eu sei que vou passar dificuldades. O meu filho não nasceu e eu já passo dificuldades. É muito cedo para passarmos por isto», diz.

Oito anos depois

As receios do futuro que Joana e Fábio sentem são os mesmos que Vânia Correia e Bruno Ferreira enfrentaram há oito anos atrás. Ela tinha 15 anos, ele 19, quando souberam da gravidez. Apesar de não terem planeado ser pais nessa altura, não ponderam outras hipóteses e decidiram de imediato ter o filho. «Eu sempre quis ser mãe, não sei também se por ter tomado conta dos meus irmãos», conta Vânia.

Olhando para trás, garantem que não se arrependem, mas reconhecem que o caminho não foi fácil. Bruno trabalhava nas obras «e não ganhava muito, mas sempre foi uma ajuda». O pior mesmo, foi a habitação. «Fomos viver para casa da minha mãe, mas ela só tinha dois quartos e era complicado estarmos a dividir o quarto com o meu irmão que tinha dez anos. Fomos para casa da mãe dela, para Torres Vedras, mas tivemos que voltar por causa do trabalho. Então fomos para casa de um tio meu e depois para casa de um tio dela», conta Bruno.

Vânia lamenta não ter continuado a estudar, mas admite que desde que o filho nasceu, já não era fácil. «Não queria deixa-lo». Entretanto, começou a trabalhar.

Agora, com a vida mais estável, Bruno e Vânia decidiram ter um segundo filho. Nasceu há cinco meses, desta vez fruto de uma gravidez planeada.

«O meu filho é que me ajudou a ser uma mulher»

Quem também não se arrepende de ter sido mãe adolescente é Bianca. Tem 16 anos e é mãe há um ano e um mês. Apesar de ter engravidado sem querer ¿ «bastou uma vez para acontecer» - os olhos da jovem mãe brilham ao falar do filho e diz que a sua vida «mudou para melhor». «Tive que aprender muitas coisas. Estou mais madura. Foi o meu filho que me ajudou a ser uma mulher».
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