Saúde em greve: apenas 10% das consultas realizadas - TVI

Saúde em greve: apenas 10% das consultas realizadas

No Hospital de São José é este o cenário. Paralisação ronda os 90% em todo o país

O balanço dos turnos da manhã não foge ao dos turnos da noite, neste dia de greve dos administrativos e auxiliares nos hospitais do país. A paralisação ronda os 90%, sendo que, por exemplo no hospital de São José, apenas 10% das 300 consultas externas previstas para esta sexta-feira se realizaram.

Depois de um primeiro balanço relativo aos turnos da noite, durante os quais apenas foram prestados os serviços mínimos, nos primeiros turnos da manhã os níveis de adesão à greve andaram entre os 80% e os 90%, tendo em alguns casos chegado a 100%, disse à Lusa Luís Pesca, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FP).

Frente à pouco movimentada porta de entrada das consultas externas do Hospital de São José, Luís Pesca fez um balanço da greve de hoje e avançou que uma nova greve está já prevista para os meses de novembro e dezembro.

«A partir de 1 novembro nós metemos um pré-aviso de greve ao trabalho prestado para além do período normal de trabalho, ou seja, todo aquele trabalho que é prestado para além do período normal obrigatório de trabalho. Os trabalhadores irão fazer greve até 31 de dezembro e vamos provar que existem trabalhadores a fazer mais do que um turno e que existe falta de pessoal», afirmou.

Segundo as contas do sindicato, para fazer face às necessidades dos serviços de saúde seria necessário contratar cerca de seis mil funcionários.

Na opinião de Luís Pesca, o problema, e a dificuldade em aferir números concretos, é que «o Ministério da Saúde consegue mascarar estes números indo chamar aos centros de emprego os trabalhadores em contrato de emprego e inserção social».

«Trabalhadores que não são trabalhadores, são desempregados, que são chamados a prestar funções no Serviço Nacional de Saúde, sem nenhuma preparação, sem formação profissional, só podem estar um ano e ao fim de um ano vão-se embora e vem outro».

Segundo dados do sindicato, naquela unidade de saúde estavam previstas 300 consultas, mas «nem 10% estão a acontecer».

Na sala de espera deste serviço, havia duas funcionárias no atendimento, que iam dando vazão aos utentes. Apesar de cheia a sala, a confusão ou sobrelotação não eram significativamente notórias.

De acordo com fonte hospitalar, foram apenas algumas as consultas que não se realizaram, tendo sido a área das análises a mais afetada, sem que nenhuma se tenha realizado até ao final da manhã.

Sobre os motivos da greve, Luís Pesca aponta a existência de trabalhadores a prestar 16 horas de trabalho diário, com 40, 50 ou 60 dias de trabalho para compensar, o bloqueio na negociação das carreiras específicas da saúde e a falta de abertura do ministro da Saúde, que «nunca recebeu o sindicato».

Além disso, os trabalhadores lutam pela reposição das 35 horas semanais, por «horários de trabalho justo, em que o trabalho prestado a mais deve ser pago como horas extraordinárias, mesmo nos valores insignificantes que hoje está a ser pago, derivado da política da troika».

«No Serviço Nacional de Saúde ninguém paga, fica para compensar. Estas horas a mais são englobadas num banco de horas ilegal: a nível da contratação coletiva não existe nenhum instrumento que contemple um banco de horas», denunciou. 

A União de Sindicatos de Setúbal adiantou entretanto que a greve está a ter um «grande impacto» nos hospitais da Península de Setúbal, com uma média que ronda os 80%.

A greve começou às 00:00 e termina às 24:00 de hoje.
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