Marido doa rim à mulher - TVI

Marido doa rim à mulher

  • Portugal Diário
  • 12 fev 2008, 20:18

Primeiro transplante de dador vivo entre cônjuges, realiza-se no Hospital de Santa Cruz

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O primeiro transplante de rim de dador vivo, entre cônjuges, realiza-se quarta-feira no Hospital de Santa Cruz, Carnaxide, disse à Lusa fonte daquela unidade.

Trata-se da primeira intervenção do género em Portugal, uma vez que só desde Junho do ano passado é que Portugal passou a ter uma legislação que contempla a possibilidade de serem doados órgãos entre marido e mulher.

Anteriormente, a dádiva de órgãos só era permitida quando entre dador e receptor houvesse uma relação de parentesco até ao terceiro grau, o que excluía, nomeadamente, marido e mulher.

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Em declarações à Agência Lusa, o director do serviço de transplantes do Hospital de Santa Cruz, Domingos Machado, revelou que se trata de um casal com cerca de 40 anos, e que será o marido a doar o órgão.

A decisão de doar um rim foi tomada há cerca de um ano e este casal terá mesmo envidado esforços no sentido de a legislação ser aplicada.

Com esta doação, o marido espera tratar a mulher da insuficiência renal de que padece.

As duas intervenções - de recolha e transplante - decorre durante a manhã de quarta-feira no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, um dos oito hospitais portugueses que estão autorizados a fazer a colheita em vida de órgãos para transplantes.

Para esta intervenção foi consultada a Entidade de Verificação da Admissibilidade da Colheita para Transplante (EVA), a quem cabe dar um parecer vinculativo. A emissão de parecer é solicitada à EVA pelo responsável da unidade de transplantação, que propõe o par dador-receptor para a colheita e transplantação.

Segundo a lei publicada em Junho deste ano, a colheita de órgãos e tecidos de uma pessoa viva só pode ser feita «no interesse terapêutico» do receptor e desde que não exista um órgão adequado de uma pessoa já morta ou outro método terapêutico alternativo.

De acordo com Domingos Machado, este transplante - que não é isento de riscos - é a melhor solução para a doente que, uma vez que ainda é nova, poderá ter mais qualidade de vida.

O estado de espírito do casal é positivo, uma vez que esta intervenção há muito era desejada por ambos, disse o responsável pelo serviço de transplantes do Hospital de Santa Cruz, onde no ano passado foram realizados 69 transplantes de rins.

Portugal regista, todos os anos, 2.200 novos casos por ano de insuficiência renal crónica terminal, existindo actualmente 14 mil doentes dependentes de diálise ou de transplante renal.

A doença renal crónica pode afectar qualquer pessoa, embora seja mais frequente nos idosos, nas pessoas com diabetes, hipertensão arterial de longa, obesidade, com algumas doenças hereditárias ou que têm antecedentes familiares de doença renal.

Em Portugal, o transplante de rim é o segundo mais efectuado, seguindo o da córnea.
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