Bispos apelam: não pactuem com «consensos políticos mínimos» - TVI

Bispos apelam: não pactuem com «consensos políticos mínimos»

D. Jorge Ortiga

Prelados dizem-se perplexos pela «falta de verdade nos centros de decisão da gestão pública», resultante de «jogos político-partidários»

Relacionados
Os bispos estão perplexos com a «falta de verdade nos centros de decisão da gestão pública», que consideram ser resultado de «querelas pessoais e de jogos político-partidários». Reunidos em Assembleia Plenária em Fátima, os prelados pedem aos portugueses para não pactuarem com «consensos políticos mínimos».

«Não podemos deixar de evidenciar também a nossa perplexidade pela falta de verdade nos centros de decisão da gestão pública, pela ausência de vontade em solucionar os desafios actuais e pela ânsia obsessiva do lucro que conduz à desumanização da vida», afirmou Jorge Ortiga, em Fátima, no discurso que abriu a 176ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa.

Para o arcebispo de Braga, citado pela Lusa, a inverdade é «frequentemente resultante de querelas pessoais e de jogos político-partidários pouco transparentes, que aprisionam os líderes aos interesses instalados nas estruturas público-privadas».

«A verdade é um imperativo colocado a todos, é um acto de honestidade, sobretudo ao nível dos centros de decisão dos diversos cargos políticos, económicos, sociais e culturais», defendeu Jorge Ortiga. O prelado declarou que naqueles locais «falta, por vezes, uma verdade objectiva que é relativizada em detrimento do prestígio e do protagonismo pessoal».

«Sem o testemunho nem os exemplos das lideranças, como se poderá exigir sacrifícios às pessoas?», questionou o bispo.

Sem nunca se referir ao Orçamento do Estado, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa sublinhou que «a comunidade humana não pode pactuar com a teoria dos consensos políticos mínimos que geralmente não resultam em soluções sustentadas». Jorge Ortiga acrescentou que «o apelo à justiça e à igualdade surge esvaziado de conteúdo porque sem resultados práticos».

«O Estado e o poder político não são os únicos responsáveis no governo da nação», referiu Jorge Ortiga, para quem «o espírito de missão e de humanidade impõe que todas as forças e todos os quadrantes colaborem em ordem ao bem comum».
Continue a ler esta notícia

Relacionados