Joana: «Se houver justiça, só podem absolver estes arguidos» - TVI

Joana: «Se houver justiça, só podem absolver estes arguidos»

Defesa dos inspectores acusados de crime de tortura pede absolvição nas alegações finais

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ACTUALIZADA ÀS 22h01

A defesa de três inspectores da Judiciária acusados de crime de tortura a Leonor Cipriano pediu, esta quarta-feira, ao tribunal de júri, durante as alegações finais, a absolvição dos arguidos, com base em «manipulação» das fotografias e contradições testemunhais.

«Se ainda houver um bocadinho de justiça, os senhores só podem absolver estes arguidos», proferiu o advogado Pragal Colaço, que defende Paulo Pereira Cristóvão e Paulo Marques Bom.

O causídico recordou que as 19 imagens de Leonor Cipriano, alegadamente agredida, foram copiadas para uma disquete ao longo de «24 horas» no Estabelecimento Prisional de Odemira, entre os dias 21 e 22 de Outubro de 2004, e que tanto tempo daria para serem manipuladas.

Leonor agredida «brutalmente» por «cobardes»

As lesões encontradas nas fotos feitas em «três momentos temporais distintos», facto provado por várias especialistas em Medicina Legal, o que sustenta tanto a tese da queda de escadas como agressões na PJ e ou no Estabelecimento Prisional de Odemira, foi outro argumento focado nas alegações finais da defesa.

Pragal Colaço questionou, por fim, estarem no banco dos réus apenas cinco arguidos, quando há outros funcionários da Judiciária e da PSP envolvidos no interrogatório a Leonor Cipriano.

«Porque é que não estão cá os directores da PJ de Faro e da Direcção Central de Combate ao Banditismo e um agente da PSP que Leonor identificou? Por que é que só estes desgraçados é que estão cá?», questionou.

Leonel Marques, Paulo Pereira Cristóvão e Paulo Marques Bom estão acusados de crime de tortura, Gonçalo Amaral de não ter prestado auxílio e de omissão de denúncia e António Cardoso está indiciado de falsificação de documento.

Os diferentes testemunhos de Leonor Cipriano em Tribunal foram focados tanto pelo advogado Pragal Colaço como por Guilherme Oliveira, defensor de Leonel Marques, também acusado de crime de tortura.

Guilherme Oliveira recordou o perfil de Leonor Cipriano traçado por um especialista, onde foi caracterizada de «psicopata», com «instintos agressivos», «manipuladora» e «tendência para efabulação», e argumentou que Leonor Cipriano por diversas vezes proferiu declarações «contraditórias» e «incongruências» em tribunal.

A causídica Joana Pimenta, que defende o inspector António Cardoso, veio pedir justiça para o arguido e referiu que «seja qual for a decisão do tribunal, nada apagará o que os arguidos estão a passar».

Também a defesa de Gonçalo Amaral pediu a sua absolvição por considerar que não foi feita prova durante o julgamento.

O advogado do ex-inspector, António Cabrita, disse ao tribunal de júri que a acusação «não conseguiu demonstrar sem o mínimo resquício de dúvida» os crimes imputados ao coordenador da investigação do desaparecimento de Joana Cipriano.

« Leonor Cipriano, por todo o crédito que possa merecer, e não merece nenhum, disse que não viu quem a agrediu. Depois disse que foi Gonçalo Amaral. Se não viu, porque fez um reconhecimento, em que reconheceu pessoas que não eram da PJ e não estavam lá à data e hora dos factos?», questionou.

António Cabrita defendeu ainda que não podia haver crime de omissão de denúncia, porque Gonçalo Amaral «não tinha obrigação de participar uma coisa diferente do que os seus colaboradores lhe comunicaram».

O advogado refutou ainda a acusação de falso testemunho, porque Gonçalo Amaral «acreditava, como é natural, que o que lhe foi comunicado pelos colaboradores era verdade».
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