Suicídio: conheça os sinais - TVI

Suicídio: conheça os sinais

Depressão (foto arquivo)

Quando os adolescentes desabafam na Internet, há um mundo paralelo por descobrir, onde os pais têm dificuldade em entrar. Proibir é a pior opção, dizem os especialistas contactados pelo PDiário. Conheça alguns métodos para lidar com os jovens em sofrimento, numa altura em que se conhecem fenómenos de auto-mutilação numa pequena cidade do país

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Tristeza, isolamento, más notas, mudanças de humor, falar sobre a morte ou entregar objectos pessoais a amigos são sinais a ter em conta quando se fala de suicídio, a segunda causa de morte entre os jovens dos 15 aos 24 anos em Portugal.

Entre 1998 e 2003, o suicídio aumentou, mas a culpa ainda não tem dono, apesar de psicólogos e psiquiatras olharem para a introdução das novas tecnologias na vida dos adolescentes com alguma apreensão.

«Mas é difícil saber se a Internet tem alguma responsabilidade na matéria», diz Pedro Frazão ao PortugalDiário. Este psicólogo, que se tem debruçado sobre o suicídio entre os mais jovens, explica que a Internet pode ser uma mão amiga, mas também pode incentivar patologias e depressões.

«O adolescente tem dificuldade em desabafar com os pais e familiares e encontra na Internet, e em comunidades virtuais, a possibilidade de partilhar o seu sofrimento. O problema surge quando o jovem não encontra ajuda, mesmo que não seja especializada, mas antes conhece alguém também deprimido, com quem se identifica. Assim nascem muitos pactos de morte».

«Duplo efeito»

Além de outras pessoas com a mesma patologia que navegam na Internet, há ainda sites que preconizam o suicídio como um direito pessoal e que podem influenciar os mais novos.

Este «duplo efeito» está formatado por uma «fácil pesquisa: basta escrever suicídio e depois de alguns sites de ajuda e de associações, estão milhares de páginas que oferecem dicas sobre como morrer», explica Pedro Frazão.

100 mil sites sobre suicídio

Estima-se que existam mais de 100 mil sites sobre suicídio, mas em Portugal, ao contrário de alguns países europeus, apenas estão em funcionamento linhas de apoio telefónico. Em Inglaterra, existem sites com ajuda 24 horas por dia onde especialistas interagem com cibernautas e dizem as palavras certas a quem apresenta este problema.

Na era do online e da tecnologia, «Portugal também deveria ter algo na Internet para a prevenção do suicídio», além das habituais linhas telefónicas.

Internet: prevenção ou incentivo ao suicídio

Até porque, explica Pedro Frazão, «a pessoa que está em sofrimento sente como um grande alívio quando lhe é dada a possibilidade de falar sobre o que sente». A Internet, via salas de conversação ou mesmo blogs, pode «ter um papel importante, facilitando a comunicação». E pode ser um meio «preventivo e educativo», desencorajando o suicídio.

«Crianças em Linha»

Sem diabolizar a Internet, Cristina Ponte, professora na Universidade Nova de Lisboa, publicou um estudo que aprofunda as questões relacionadas com o mundo da Internet e das crianças e explica que a «proibição» é o «pior caminho: Proibir uma criança de usar a Internet é espicaçar a vontade do fruto proibido».

«Crianças em Linha» alerta ainda os pais para «trocar de papel» com os mais pequenos - fazendo das crianças os educadores -, pedindo ajuda e explicações sobre chats, blogues e a era digital. «Mostra-me como isto funciona» ou «Sabes se corres algum risco?» ou mesmo «Como é que posso também mexer na Internet?» são perguntas que podem aproximar pais e filhos e permitir aos progenitores ter um olhar atento sobre um mundo que vive paralelamente no quarto das crianças.
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