Mais cortes podem pôr desempregados a viver na rua - TVI

Mais cortes podem pôr desempregados a viver na rua

Pobreza [Reuters]

Presidente da CAIS alerta que, se Governo cortar nos apoios sociais, surgirão consequências violentas

O presidente da CAIS, associação de apoio às pessoas sem-abrigo, alertou que, se houver mais cortes nos apoios sociais, muitos dos atuais desempregados poderão acabar a viver na rua.

Em declarações à agência Lusa, Henrique Pinto explicou que o momento atual na Europa é de cada vez maior aversão aos imigrantes, apesar da crise económico-financeira, que afeta países como Portugal, obrigar cada vez mais pessoas a tentarem encontrar emprego fora do seu país de origem.

Na opinião do responsável, a economia será diferente se os países trabalharem num Estado Social, defendendo que haverá uma economia capaz de distribuir riqueza se existir um Estado Social forte.

«A economia que queremos deverá resultar de boas relações sociais, de relações onde o que conta são as pessoas e mínimos de bem-estar e não contrário, porque o que vou ouvindo é que teremos um Estado Social razoável se tivermos uma boa economia. Eu penso o contrário», sustentou.

Por outro lado, criticou quem quer cortar ainda mais no Estado Social, alertando que 23% da população nacional já vive abaixo do limiar da pobreza e que, se os cortes previstos incidirem nos apoios sociais, Portugal poderá ter de enfrentar a realidade de ter quase metade da sua população a viver na pobreza.

«Com mais cortes nos apoios, nos subsídios, nos apoios às instituições, nós vamos ter este número aflitivo de pessoas no desemprego, para cima de um milhão, que, não emigrando, vão certamente acabar na rua», alertou.

«O que eu sei é que as famílias já não aguentam com os cortes que têm nos salários [porque] o que recebem já não é suficiente para fazer frente às despesas de cada dia», acrescentou.

«Com outros cortes, nomeadamente ao nível de pessoas idosas, dependentes, desempregadas ou que vivem com o Rendimento Social de Inserção, se aí também forem aplicados cortes, então vamos ter uma situação de tragédia extrema e com eventuais consequências sociais que não passarão por cantar o Grândola ou manifestações ordeiras», avisou.

Entende, por isso, que o país precisa de um Governo «muito mais convergente» e «muito mais inclusivo», que saiba fazer bom uso de todas as forças no terreno e de todos os caminhos apontados até agora.

A cidadania, o direito a ser cidadão europeu, a dificuldade cada vez maior em circular livremente e trabalhar na Europa e a crescente aversão aos imigrantes vão ser alguns dos temas em discussão no próximo congresso da CAIS.

O congresso, que se realizará na quinta-feira no auditório da representação da Comissão Europeia em Portugal, em Lisboa, vai dividir-se em duas partes e durante a manhã a discussão será feita em torno da Estratégia Europa 2020, enquanto à tarde estará em destaque o Ano Europeu do Cidadão.
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