O saco de plástico passou de moda? - TVI

O saco de plástico passou de moda?

A responsabilidade das cadeias de supermercado e da população tem crescido nos últimos anos. Reflexões sobre o dia sem sacos de plástico

Esta quarta-feira comemorou-se o dia sem saco de plástico. A iniciativa internacional quis chamar a atenção para os danos que a produção massificada de sacos de plástico faz no meio ambiente.

Uma consciência que nem sempre temos quando vamos ao supermercado. Em Portugal, «a quantidade de sacos de plástico colocados no comércio retalhista varia entre 15 e 20 mil toneladas», segundo uma estimativa da Plastval, a organização destinada a assegurar a retoma e reciclagem de resíduos de embalagens de plástico.

O Lidl foi pioneiro na venda dos sacos de plástico, em vez da sua entrega gratuita ao cliente. «A sensibilização para o problema do consumo de sacos de plástico nas nossas lojas iniciou-se aquando da abertura das primeiras lojas em Portugal, em 1995, visto que os sacos de plástico são vendidos nas nossas lojas desde a abertura», afirma Madalena Bettencourt e Silveira, da comunicação do grupo alemão. «No início os clientes não estavam habituados a uma política ambiental tão rigorosa, mas com o tempo foram valorizando cada vez mais esta nossa política».

Passados quase 20 anos, a exceção tornou-se regra e este gesto é seguido por muitas cadeias de supermercados que cobram dois ou três cêntimos pelos sacos de plástico. O Pingo Doce quebrou esse colete-de-forças ao adotar a política do saco pago «em 2007».

«Até ao final de 2012, o Pingo Doce alcançou uma redução de cerca de 49% do consumo de sacos nas suas lojas», segundo nos conta Ana Alves, Media Relations do Pingo Doce. A cadeia de distribuição conseguiu, em seis anos, com o uso de sacos reutilizáveis, que fossem colocadas menos «9152 toneladas de sacos depositados em aterro», menos «18223 toneladas de emissões de CO2» e menos «14236 toneladas de petróleo e gás natural».

Apesar da sua produção elevada, os sacos não são os grandes vilões da poluição ambiental. «Sacos que anteriormente tinham espessuras entre 30 e 50 microns, têm hoje entre 6 e 10 (1 mícron = 0,001 mm), mantendo a mesma resistência. Isto significa que a produção de resíduos não acompanha a evolução do consumo de sacos de plástico».

A Plastval realça ainda que «na realidade, os sacos de plástico são apenas uma parcela pequena e decrescente dos resíduos sólidos urbanos e têm, de acordo com diversas análises de ciclo de vida, um desempenho ambiental superior ao de outros materiais». Isto porque «os sacos de plástico podem vir a ter diversas aplicações, nomeadamente, no acondicionamento dos resíduos recicláveis separados seletivamente e no acondicionamento dos resíduos indiferenciados (lixo comum)». E conclui Nuno Aguiar: «Se for abandonado indiscriminadamente, o saco de plástico constituirá, certamente e à semelhança de qualquer outro material, um fator de poluição, não pelo material em si (plástico), mas porque o nosso comportamento assim o ditou, ou seja o problema não está no material mas sim na atitude, comportamento que temos para com ele».

Os portugueses estão «mais cientes de que, aquilo que hoje é um resíduo, amanhã é matéria-prima para novos produtos. Neste contexto, as gerações mais novas têm tido um papel fundamental», conta o representante da Plastval. Como nos diz Madalena Bettencourt e Silveira, «o Lidl não poupou nada, mas o ambiente tem poupado muito».

A responsabilidade ambiental da população tem evoluído, tal como a legislação interna e comunitária. «Os grandes desafios centram-se na prevenção», descreve Nuno Aguiar. «Os sacos de plástico são 100% recicláveis. A reciclagem de sacos de plástico é uma realidade no nosso país, e tem larga tradição», pelo que, «no fluxo urbano, a reciclagem de plástico, totalizou cerca de 55 mil toneladas, em 2012. Os sacos de plástico reciclados deverão ter representado cerca de 18% dessa quantidade». Mais: «A taxa de reciclagem de sacos de plástico é, por conseguinte, estimável em cerca de 50%, ou seja, uma taxa superior à taxa de reciclagem de todos os plásticos (25%)».



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