«O Primeiro de Janeiro»: despedimento é ilegal - TVI

«O Primeiro de Janeiro»: despedimento é ilegal

O Primeiro de Janeiro

Jornalistas não abandonam redacção e podem recorrer ao Tribunal de Trabalho

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Esta sexta-feira, os jornalistas do «Primeiro de Janeiro» apresentaram-se na redacção como em qualquer outro dia de trabalho, tendo alguns, inclusive, interrompido as férias para marcar presença.

Na reunião de ontem, a directora Nassalete Miranda tinha assegurado que a carta de despedimento chegaria por volta das 11.00. No entanto, não chegou. Ainda assim, os 32 jornalistas já não têm acesso aos seus computadores nem aos telefones.

«O que se está aqui a passar é um jogo que não é nada claro, na medida em que aos jornalistas e aos outros trabalhadores foi comunicado um despedimento que é ilegal. No entanto, o próprio editorial de hoje anuncia o regresso do jornal. Isso significa que esta empresa está a tratar os jornalistas como seres descartáveis», afirmou Alfredo Maia, presidente do Sindicato dos Jornalistas, que também se encontrava à porta da redacção.

«Se a empresa tem condições para retomar a edição do jornal, tem a obrigação de reocupar estes jornalistas, um conjunto de profissionais que tem aguentado este projecto com um enorme sacrifício, não obstante a falta de respeito da empresa por eles», acrescentou.

Inspecção do trabalho está atenta

«O despedimento foi comunicado verbalmente sem que tenham sido indicados os seus fundamentos e sem que tenham sido preenchidos o mínimo de requisitos legais. Não se trata de um despedimento com justa causa nem sabemos que tipo de despedimento se trata, simplesmente porque não foram dadas explicações aos trabalhadores», explicou Alfredo Maia.

Dois inspectores do trabalho também estiveram, esta manhã, no «Primeiro de Janeiro» e adiantaram que vão autuar a empresa por despedimento ilícito, uma vez que os jornalistas não foram avisados com antecedência e que a empresa não declarou insolvência pois não tem requisitos para tal.

«Na nossa perspectiva, o Primeiro de Janeiro não deve acabar, porque é um jornal que tem público, tem uma enorme importância no panorama da imprensa portuguesa e é um jornal que ocupa um conjunto de profissionais dedicados. Se a empresa quer manter o projecto não pode descartar estes profissionais como coisas inúteis», declarou o presidente do sindicato.

Aos jornalistas foi aconselhado a permanecerem na redacção e a recorrem posteriormente ao Tribunal de Trabalho.

Empresa é um mistério

A SEDICO, Serviços de Edição e Comunicação, é a empresa que paga o vencimento aos jornalistas, ainda que a sua ligação com o proprietário Eduardo Costa seja um mistério.

No mês de Abril, terá recebido apoios do QREN, mas as verbas não chegaram ao «Primeiro de Janeiro».

O presidente do Sindicato dos Jornalistas confirmou que a empresa está a ser investigada pela inspecção de finanças, mas não quis tecer mais comentários sobre o assunto.
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